Opinião

Amuou, o PSD

Do género: ou se brinca como eu quero ou então, esquece, não brinco mais! Birra. Ou a iniciativa das "cantinas e bufetes" faz com que brilhemos sós e a ofuscar os demais, ou então assim já não! Pego na minha bola e vou-me embora! Ninguém joga mais com a minha bola! Interessa lá que as famílias açorianas beneficiem rapidamente de uma legislação muitíssimo melhorada em preços e em qualidade! Interessa sim é que os louros fiquem na coligação, já para não dizer no PSD, apenas, obviamente, e que o PS se limite a aplaudir sem sequer pestanejar, ou muito menos ainda passar-lhe eventualmente pela cabeça uma qualquer espécie de aproximação à "peça"!...

Mas assim não foi. Para a mais descontrolada irritação do PSD, o PS deu mesmo entrada com a sua proposta de alteração. É que de fora, de modo algum, poderiam ficar melhorias no domínio do garante da igualdade de acesso às refeições fornecidas pela escola por parte de absolutamente todos os seus alunos. De fora, de modo algum, poderia ficar o garante da qualidade alimentar dessas mesmas refeições. De fora, de modo algum, poderia ficar uma real ajuda às nossas famílias, atualizando inclusivamente todo um conjunto de apoios estranhamente "esquecidos" pela coligação no diploma original de onde retirado foi praticamente todo o conteúdo desta iniciativa. Material escolar, equipamentos desportivos, seguro escolar, saúde escolar, transportes e alojamento para os alunos deslocados quando abrangidos pela escolaridade obrigatória, são, tudo isto, apoios a não esquecer de majorar.

No domínio económico-financeiro, avançou o PS com a proposta de baixar os preços das refeições em 30% durante os próximos dois anos, como de majorar numa mesma percentagem, e igualmente no decorrer dos próximos dois anos, todos os restantes apoios "esquecidos" por esta maioria governativa. E agora pergunto eu: não será isto muito mais importante de se destacar da proposta de alteração do PS do que uma tal história muito mal-amanhada, e saída sabe-se lá de onde, de que o PS, o que propõe de relevante, é a proibição de se beber outra coisa que não seja água nas escolas? Já agora sobre isto, sem grandes delongas e independentemente da pertinente discussão sobre o que se deve ou não se deve beber nos refeitórios escolares, aproveita-se aqui e agora a oportunidade de tão simplesmente relembrar o facto de que foi mesmo a iniciativa da coligação que, ao transpor o texto do antigo diploma para aquele que agora propõe, acrescentou em seu articulado a bebida a determinar na tipologia das refeições: água. O PS sublinhou a importância de, no tabuleiro da refeição servida na cantina, ser a água a bebida selecionada? Sim. Sublinhou-o. Foi o PS que o escreveu no articulado original? Não. Foram sim os seus autores.

Efetivamente não estranhamos a vontade do PSD, CDS_PP e PPM em querer fazer regressar à Comissão dos Assuntos Sociais a iniciativa. Muitíssimo espectável. Na iminência de um debate plenário que deixaria a nu as enormes fragilidades da proposta, vislumbrado que foi o manancial de propostas de alteração entradas por parte de muitas das bancadas parlamentares, verdadeiramente previsível foi o tocar a recolher. Uma vez mais, a retirada estratégica. É que bem feitas as contas, conhecidas as ideias do PS sobre o assunto, o enorme empenho em ajudar as famílias na ação social escolar, algo tão ostentado pelos partidos coligados, revelou-se afinal envergonhadamente muito tímido. Ter-se-ão esquecido, digo eu! Mas esquece tanto a quem não quer...