No domingo passado tivemos uma segunda volta nas eleições presidenciais do Brasil. Foi mais uma campanha como o Brasil já nos vem habituando: de discursos com muitos gritos, muitos ataques e de muito pouca valorização dos conteúdos programáticos de cada um dos seus candidatos. Uma campanha, salvo raríssimas exceções, à volta da desvalorização do adversário em vez de ser em torno da valorização de si próprio e do seu programa.
Não conheço o Brasil, mas reconheço a sua importância no mundo e confesso que não estava a ver com bons olhos o percurso político que vinha a ser feito naquele País, não só com Bolsonaro, mas também antes da sua eleição.
O Mundo precisa de um Brasil forte, de um Brasil com capacidade de influência internacional e de um Brasil que seja respeitado nas mais variadas instituições onde está representado internacionalmente.
Há hora que escrevo esta crónica, quase 48h depois de serem conhecidos os resultados eleitorais, o candidato derrotado acabou por falar ao País, numa declaração curta e vazia que mais não foi do que um incentivo encapotado para que continuem as manifestações que têm ocorrido um pouco por todo o País.
Numa democracia, fazer o que Bolsonaro fez, passadas quase 48h, diz muito sobre a forma como esta pessoa olha para a política, diz muito sobre a forma como esta pessoa olha para as instituições democráticas e até para as ferramentas da própria democracia. Por outro lado, reconhecer qualidades nestas atitudes, tal como já foi feito em Portugal por líderes partidários, também diz muito sobre que qualidades estas pessoas valorizam na política.
O Brasil está claramente dividido, e o mundo todo precisa de estar atento a estes acontecimentos, mas uma coisa é certa, passados quatro anos de governação de extrema-direita, há mais um País a reconhecer que este não é um caminho de progresso, não é um caminho que tenha em vista a prosperidade dos povos.
(Crónica escrita para Rádio)