O exercício de cargos políticos deve ser pautado pela elevação e pelo respeito democrático, pelo que as minhas primeiras palavras são a de reconhecimento ao atual executivo da Câmara Municipal da Praia da Vitória, pelo empenho, que certamente todo o elenco estará a encetar no desenvolvimento das suas atividades e responsabilidades.
No entanto, nem sempre o empenho caminha de mãos dadas com a capacidade de fazer mais, de fazer melhor, ou pelo menos, de respeitar aquilo que de bom foi feito no passado. E é exatamente aqui que reside o grande problema, pois este executivo, constantemente refugiado na cómoda trincheira do endividamento, pouco ou nada fez, em mais de um ano de mandato e, pior, rasgou quase de alto a baixo com muito do que de bom se fazia, sem qualquer justificação e sem qualquer visão de futuro!
A situação que ora apresento, com o direito à indignação que me é conferido, substancia-se no desinvestimento e no esvaziamento da Área Social, que tem sido levado a cabo por este executivo - pasme-se, por uma equipa liderada por uma Assistente Social!!
Na política, pelo menos naquela que defendo - imbuída de veracidade, respeito e elevação, as afirmações proferidas têm e devem ser acompanhadas de factos concretos e credíveis, sob pena de cairmos no descrédito dos eleitores. Assim, passo a apresentar o atual cenário da Área Social da Câmara Municipal da Praia da Vitória, que corrobora o seu plano secundário, sem qualquer capacidade de responder às necessidades atuais do concelho e dos praienses.
O Projeto "Reabilitação na Comunidade", distinguido com vários prémios a nível nacional, foi praticamente abandonado - saíram recursos humanos de extrema capacidade que não foram adequada e minimamente supridos; terminou a intervenção precoce nas escolas e creches, bem como o apoio escolar que era garantido dentro e fora das salas de aula; abandonou-se a intervenção nas áreas da psicomotricidade e psicologia para crianças e jovens; acabou a comemoração dos dias significativos, com vista à sensibilização para problemáticas educativas e sociais; terminou-se com o projeto conversas às 8 e com várias atividades formativas...
Mas o mais grave, é que ao abandonar este Projeto, este executivo, abandona uma intervenção de cariz capacitativo e de empoderamento, com um potencial muito para além das práticas paliativas e assistencialistas e com evidentes provas dadas. Os resultados eram, em muitas situações, absolutamente impactantes e estruturais para a vida das crianças e jovens: desde casos de crianças com graves dificuldades de aprendizagem a terminar licenciaturas; de jovens portadores de deficiência a conseguirem integração em estágios laborais; de crianças com autismo a chegar ao primeiro ano a saber ler e muito melhor preparadas para os desafios futuros...
Mas há mais. Infelizmente há mais! Este executivo praticamente entregou à sua sorte os Centros de Convívio e os nossos idosos! Deixou de existir animação regular e iniciativas de convívio e partilha entre os vários Centros...
Exige-se mais, muito mais, pois acredito que a forma como uma sociedade trata a sua população sénior, assume-se como um indicador crucial na aferição do seu nível de maturidade, coesão e desenvolvimento.
Passando novamente para a população jovem, na rede municipal de creches e CATL, vários foram os problemas detetados (diminuição do número de recursos humanos - Educadoras e Auxiliares; acompanhamento e supervisão técnica limitada; lançamento de concursos para novas concessões, com evidentes lacunas, ao nível dos cadernos de encargos...), atempadamente sinalizados por nós - vereadores do Partido Socialista, e com uma resposta sempre muito ténue, conservadora e, permitam-me, de serviços mínimos!
Importa, com seriedade e sem demagogias, reconhecer que a situação financeira do município obriga a uma gestão rigorosa e criteriosa, no entanto, nada justifica o abandono da Área Social, o abandono dos que mais necessitam de apoio. Apenas solicitávamos a continuação dos projetos e da intervenção que anteriormente era levada a cabo, por colaboradores extremamente competentes e qualificados, a bem do desenvolvimento do concelho e de todos os praienses! Assim, arrogo-me ao direito à indignação, ao direito à oposição, bem como ao dever cívico e político de lutar construtivamente por uma cidade que nunca descure a Área Social e que coloque os seus cidadãos e as suas necessidades em primeiro lugar, sempre em primeiro lugar!
Esta visão redutora, minimalista e de evidente desinvestimento na Área Social do município é absolutamente lamentável e indesculpável.
Aqui não existem, não podem existir quaisquer desculpas.
Não podemos ser complacentes com esta inqualificável situação! Aqui não podiam falhar...