“Se tivesse de escolher entre governo sem jornais e jornais sem governo, não hesitaria em escolher esta última”. A frase imortalizada por Thomas Jefferson, e muitas vezes citada sem contexto, foi escrita numa carta enviada, em 1787, ao congressista Edward Carrington. Nesta, Jefferson explica que esta sua opção só faria sentido se todos os homens recebessem jornais e fossem capazes de os ler. Escusado será dizer que os jornais daquele tempo eram declaradamente comprometidos. Seja como for, a ideia de que o escrutínio público é indispensável à boa governação e que, nessa medida, a imprensa tem um papel insubstituível, resiste ao passar dos séculos. Hoje, os constrangimentos financeiros, a concorrência desregulada das redes sociais e um certo relativismo perante os factos - fonte onde nascem as chamadas notícias falsas - são, a par de outros interesses subjetivos e opacos, obstáculos ao cumprimento daquela missão. A crise evidenciada, sobretudo, nos meios mais pequenos exige uma profunda reflexão. A propalada independência não se conjuga com a necessidade de sobrevivência. Uma imprensa enfraquecida, para além de não cumprir a sua missão, está condenada a prazo.