Opinião

Consciências natalícias

Por esta altura do ano o costume das mais altas figuras da Autonomia Regional realizarem as suas tradicionais mensagens de Natal e Ano Novo manteve-se.

São mensagens que tem sempre presente a análise de um percurso já realizado e são sempre mensagens de esperança com o objetivo de motivar a população para os desafios que serão enfrentados no ano seguinte.

E aqui não há dúvidas: desde o Representante da República ao Presidente do Governo dos Açores, passando pelo Presidente do Parlamento açoriano há uma linha que não os separou nas suas mensagens: o facto de 2023 ser deveras um ano desafiante que vai exigir muito dos organismos públicos e das suas capacidades em arranjarem soluções para que as empresas, as instituições e as famílias açorianas consigam enfrentar as dificuldades que aí vem.

Na minha opinião o assumir desta realidade, por parte de quem nos governa, para além de vir com muito atraso, já com claro prejuízo para a economia açoriana, também não é coerente com as ações governativas que se têm verificado.

Onde estava o reconhecimento desta realidade quando se discutiu o Plano e Orçamento para 2023? Onde estava o reconhecimento desta realidade quando os indicadores do desemprego nos Açores começaram a piorar? Onde estava o reconhecimento desta realidade quando já todos percebiam que os custos da eletricidade iriam disparar em 2023 principalmente para empresas e instituições? Onde estava o reconhecimento desta realidade quando se deixaram empresas sem um sistema de incentivos? Onde estava este reconhecimento quando se negou por duas vezes um pacote com medidas de combate à inflação nos Açores?

Caro ouvinte, quando percebemos que as ações não respondem às preocupações reais, é impossível suscitar qualquer sentimento de esperança na população.

 

(Crónica escrita para Rádio)