A aposta de décadas no ensino profissional na Região Autónoma dos Açores é bem reveladora da importância da qualificação profissional para a nossa Região. Dando corpo ao preconizado pela agenda europeia, nos Açores o ensino profissional assumiu um papel de relevo nas políticas públicas, concorrendo para o objetivo de aumentar as qualificações, reduzir o abandono escolar precoce e melhorar a empregabilidade dos açorianos.
É certo que o percurso não foi fácil, mas vingou fruto do esforço de muitos profissionais e da aposta contínua da Região nesta área. De realçar, igualmente, os milhares de alunos formados nas várias escolas profissionais e o retorno da sua formação para a Região.
Reconhecendo como um dos propósitos da nossa autonomia a promoção da coesão social e territorial, o investimento nas pessoas apresenta-se como o caminho para lá chegarmos. Quer seja por via da formação dos mais jovens, quer na conversão de ativos, munindo-os de mais qualificações e aumentando os níveis de escolaridade da população ativa, contribuindo, também por esta via, para a sua valorização profissional.
Nesta equação, as escolas profissionais atuam como verdadeiros agentes de mudança, assumindo a responsabilidade de materializar o preconizado pelas políticas públicas. Pelo papel que assumem, e pese embora todas as dificuldades que possam ter enfrentado, nunca se colocou em causa a continuidade de uma escola profissional. Negligenciar a proteção financeira que se exigia garantir a estas instituições, num momento de especial fragilidade, não só traduz a (in)capacidade de resposta deste governo como reflete a forma como estas instituições são valorizadas, como são respeitados os seus profissionais, e acima de tudo aqueles a quem se destinam: os alunos. Mais uma vez, a falta de estratégia faz-se sentir, comprometendo o que já se havia alcançado e colocando em causa a sua consolidação.
Ainda no passado mês de novembro, aquando da discussão do Plano e Orçamento da Região, o Governo anunciava a renovação da aposta na valorização e qualificação dos açorianos quando, na verdade, os documentos apresentavam um corte de 34,5%, traduzindo uma redução superior a 33M€.
Onde está a aposta? Tal decisão reflete sim uma sentença – o desinvestimento na qualificação profissional! Não basta anunciar, os resultados sim são o barómetro da eficácia de qualquer política. Quantos jovens passaram por programas de requalificação? A aposta no PROSA.QUALIFICA e no desiderato de reconverter desempregados para o sector do turismo, quais os resultados? Como avaliam as empresas do sector este programa?
Voltamos ao mesmo – falta de estratégia, falta de coordenação do Governo. Aliás, bastará para tal estar atento à forma como os governantes empurram responsabilidades entre si, disfarçando o notório desconforto com sorrisos que em nada dignificam os intervenientes, como são desrespeitosos para todos os implicados.
O destino da Escola Profissional APRODAZ, que esta semana foi do conhecimento público, é, infelizmente, o reflexo desta sentença ditada: feche-se!