De acordo com os recentes dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), nos Açores, entre os anos de 2021 e 2022, o número de pessoas a viver em situação de pobreza teve um calamitoso aumento de 4,5%. A taxa de pobreza em 2021 estava fixada em 25,1% e subiu para 29,6% em 2022, superior em mais de 10 pontos percentuais em relação à média nacional.
Nos Açores, as taxas de desigualdades sociais, em todas as suas vertentes, são as mais elevadas do país, mais concretamente, temos a maior desigualdade em termos de distribuição de rendimentos e na sobrelotação de habitação.
Hoje, infortunadamente, 13,5% dos Açorianos vivem em alojamentos sem dignidade e com divisões insuficientes tendo em conta o correspondente agregado familiar.
Presentemente, em média, 30 em cada 100 açorianos vivem em situação de pobreza ou extrema pobreza!
Estes dados são extremamente preocupantes e a responsabilidade da mudança desta infeliz conjuntura é política. O estudo que foi pedido pelo Governo Regional ao Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, apenas prova uma coisa: esta coligação que nos (des) governa, incluindo os partidos que a suportam no Parlamento Regional, não conhecem minimamente a realidade social e económica dos Açores!
Este Governo, ao contrário do que vinha sendo uma prática do passado, não quer compreender que a pobreza já não é uma realidade fixada somente na população de inativos, mas que, e numa espiral ascendente, se verifica pelo surgimento de pobreza, por vezes envergonhada, da população ativa, incluindo-se nesta os que estão efetivamente a trabalhar, os desempregados e aqueles com trabalho precário.
Os jovens açorianos não sabem que futuro lhes espera nas ilhas, não existem politicas para a fixação de jovens nos Açores, por exemplo, não temos um plano de incentivos para que os estudantes do ensino superior que se encontram a estudar no continente, queiram voltar. Não temos verdadeiras políticas de apoio à habitação, com a especulação imobiliária a atingir níveis incomportáveis para os Açorianos, mais concretamente para os jovens e com um mercado de arrendamento desproporcionado da nossa realidade.
Este Governo não tem um plano estratégico a longo prazo para os Açores, não sabe para onde ir, nem que Açores vamos ter no futuro. Tem uma total ausência de visão estratégica e de iniciativa.
Em dois anos deixou de ser possível a um jovem Açoriano viver e sonhar a sua ilha.
Em dois anos a uma parte significativa dos Açorianos, foi vedada a possibilidade de viver em condições mínimas de dignidade e cidadania.
Estamos perante uma Região desigual, onde as injustiças proliferam e o elevador social está inquinado.
Urge um projeto de sociedade que compatibilize de forma equitativa os três eixos estruturantes de uma sociedade: Democracia plena, economia robusta e justiça social.