Na última semana, o Cabo Submarino fez correr muita tinta nas sedes das Câmaras do Comércio e nas redações, que se detiveram a discutir a magna questão da primeira amarração na Região.
Sendo um leigo, a questão parecia-me, em termos lógicos, bastante estéril, na medida em que sendo o cabo bidirecional e a sua disposição em anel, tal significa que vai amarrar primeiro na Terceira ou em São Miguel consoante o sentido do funcionamento.
No meio do achismo, da lógica acanhada e do "prejudica" porque prejudica, valeu-nos o presidente da ANACOM, que em três pontos amarrou a questão do ponto de vista técnico, explicando que: (i) a diferença de ser feita na Terceira é de 2 milissegundo, não afetando a qualidade; (ii) é assegurada uma melhor redundância; (iii) a presença do cabo em duas placas tectónicas distintas é benéfica para os alertas sísmicos.
Apesar de ter sido desmontada a argumentação bairrista de quem acha que é um crime de lesa-pátria alguma coisa passar na Terceira antes de ir para São Miguel, sejam aviões, pessoas ou, veja-se o ridículo, cabos, o deputado Paulo Moniz, que foi eleito pelo PSD no círculo eleitoral do Açores, não está convencido e manifestou-o.
A irrelevância da posição de Paulo Moniz é diretamente proporcional à relevância do silêncio do líder do PSD/A, do PSD/Terceira e de Francisco Pimentel (bem sei que não é uma questão sindical), que não gastaram uma única gota de toner para emitir um comunicado condenando aquela que é uma posição lesiva de 100% da população e de 100% do PIB da Região, correndo o risco de, por silêncio conivente ou de desprezo, ficarem irremediavelmente amarrados a uma posição contrária aos interesses públicos de ilha, da Região e do País, que se sobrepõem.
Por último, recordei-me que gostava de saber, a título de curiosidade, se também concordam que Santa Maria é a única ilha que não é de origem vulcânica?