Opinião

Heil Samba

Não sei se já vos tinham avisado: a extrema-direita voltou! Orgulha-se do slogan Deus, "Pátria, Família", a que dá uma interpretação muito própria. que tem vindo a refinar.

Acrescenta-lhe agora, à laia de make-up modernaço... o Trabalho. Já Mussolini tinha um fraquinho pelo vocábulo, pelo que está tudo dentro das melhores tradições - outra expressão muito querida da seita.

Também gostam muito de conspirações, daquelas cujo remédio não se avia nas boticas.

A democracia corre sempre de feição, quando o resultado lhes agrada. Quando vislumbram a derrota garantem, a mais de ano das eleições, que vai haver fraude, sobretudo se o sistema for eletrónico. Ora, o eletrónico é, com o se sabe, uma coisa muito perigosa, com semelhanças léxicas com a eletricidade, da qual já Salazar confessava a embaixador amigo a sua desconfiança, e dos americanos por via dela, "que não eram iluminados por Deus, mas sim pela luz elétrica". Tudo está em seu lugar...

Vai daí que tivemos samba antecipado. Em cópia latina de Trump, uns milhares de exemplares de "gente de bem" invadiram a Praça dos Três Poderes, arrombaram gabinetes, partiram e destruíram obras de arte (outra coisa perigosíssima) e sentaram-se na cadeira do Presidente do Tribunal Federal. Bolsonaro tinha que voltar, do seu exílio americano!

O resultado, felizmente, é conhecido: agora há Bolsonaristas de camiseta branca, a passear em recreios pouco escolares - alguns até devem conspirar que estão... na cadeia!

Por cá, duas novidades: um chegano de Lisboa, em rara autocrítica, confessou o erro de a chantagem açoriana não ter exigido que o Chega integrasse o Governo; Pacheco também constatou que o Acordo falhou em tudo, que já rasgou unilateralmente o "papelinho" e que agora trabalham à peça - mas quer estabilidade. Perceberam? Assim se confirma a diferença entre o continente e o conteúdo, quer dizer: entre o papelinho e a associação propriamente dita!