Opinião

Inoperância

O Furacão Lorenzo que assolou os Açores em 2019 causou maiores prejuízos na Ilha das Flores porque destruiu por completo o principal ponto de entrada da carga essencial à atividade económica daquela ilha e à vida das pessoas que nela vivem.

Dada a importância que estas infraestruturas têm em realidades como a nossa era previsível que não vinham aí tempos fáceis.

Depois de tamanha destruição era previsível de que os constrangimentos no abastecimento marítimo àquela ilha se mantivessem condicionados até aos dias de hoje.

Mesmo com o início imediato da construção da ponte cais, sabia-se que esta intervenção por si só não seria a solução ideal, apesar de ser com toda a certeza a solução possível mais rápida de ser executada.

A situação que hoje vivem os florentinos era previsível já que mesmo tendo iniciado a obra de construção do molhe principal de proteção, dificilmente, dada a dimensão da obra, ela já estaria ao dispor da operação marítima.

Ou seja, constrangimentos eram previsíveis e os florentinos estavam cientes disso.

Contudo, aquilo que não era de todo previsível nem expectável é que passado esse tempo, ainda não se tenha feito rigorosamente mais nada do que aquilo que ficou feito logo a seguir à passagem do Furacão e ainda pelo Governo anterior. Aquilo que não era previsível e não me parece ser aceitável é que ainda não se tenha lançado concurso para a obra de construção do molhe sabendo a sua urgência e sabendo que o prazo da sua execução ultrapassada facilmente metade de uma década.

Aquilo que não era previsível é que passado este tempo todo, com o conhecimento que todos têm das condições e das circunstâncias da atual situação, ainda se ande a brincar aos barcos sem que haja a previsibilidade necessária para quem tem atividades económicas que dependam diretamente deste circuito logístico.

 

(Crónica escrita para Rádio)