Opinião

Causas

Gostei de ver a quantidade de pessoas que aderiu à causa do Cineteatro Miramar, impedindo que a sua venda, em hasta pública, fosse concretizada. Mais de 1000 cidadãos subscreveram esta petição: “Não queremos que o Teatro Miramar seja alienado do património da Região Autónoma dos Açores”.
Dispenso-me de nestas linhas tecer considerações sobre as mais-valias daquele espaço cultural, a sua polivalência, objetivos, entre outros, porque entre o dia em que a Antena 1/Açores tornou pública a convocatória da Assembleia-Geral do Teatro Micaelense e o dia de hoje, muito já se disse e escreveu sobre o tema.
Pela minha parte, recordo a sua inauguração, a festa que – por ali foi preparada – e o facto de ter sido inaugurado o espaço, a 25 de abril de 2005, data em que (também) se comemorava um ano de elevação de Rabo de Peixe a vila.
Por razões muito diversas a minha relação com Rabo de Peixe é de mais de 30 anos; já por lá fiz voluntariado e lá tenho muitos e bons amigos.
Por tudo isto, e mais coisas, que porventura não cabem (agora) aqui ver mais de 1000 pessoas a defender o Miramar, ouvir e ler textos e histórias sobre o tema, nos mais diversos meios, foi muito bom.
Pena foi que muitos tenham chegado tarde ao assunto. Entrando por ele adentro, como se fossem os salvadores da pátria.
Ora, o que se passou, por estes dias, não foi uma qualquer polémica de nascimento espontâneo, cujas razões se desconhecem e à qual se acode entre croquetes e queijo. Foi, isso sim, uma enorme manifestação de participação cívica, livre e consciente, que uniu mais de um milhar de pessoas a favor de uma causa. Foi aquilo a que muitos apelam, mas quando têm oportunidade de enaltecer, optam por desvalorizar.
Essa atitude foi (é) lamentável e escusada. Porém, a parte boa é que o Miramar não vai ser vendido em hasta pública, porque estes cidadãos não o permitiram.
Dizer o contrário disso: é falso.