Opinião

O Estado a que Chegamos

A Iniciativa Liberal decretou a certidão de óbito ao atual governo regional. A coligação falhou, o governo ficou ferido na sua credibilidade e está politicamente morto.

Há duas razões fundamentais que justificam este estado pantanoso e que extravasam as razões apresentadas pela IL para romper o acordo.

A primeira é o suporte parlamentar que foi estabelecido para apoiar a governação. Uma coligação de governo a três, mais dois acordos parlamentares suplementares. É uma solução politicamente contraditória, ideologicamente incompatível e sociologicamente incoerente. A correlação de forças está muito desequilibrada a favor dos pequenos partidos e em detrimento do PSD. A única verdadeira coligação que existe é entre o CDS e o PPM. Tudo o resto é circunstancial.

A segunda razão é a falta de liderança e a incapacidade de decisão do presidente do governo. A complexa solução de apoios parlamentares ao governo exigiria, para além de muita diplomacia, uma atuação firme e resoluta capaz de impor autoridade e limites ao deslumbramento dos egos dos pequenos partidos. Bolieiro é um homem sério e cordial, mas é um político permissivo e inseguro. São recorrentes os exemplos da sua falta de firmeza e da sua incapacidade em impor autoridade, por isso não é capaz de se fazer respeitar pelos seus parceiros. O resultado é um governo que se esgota a tentar sobreviver enquanto os problemas se amontoam.

Nuno Barata foi apoiante do atual governo desde a primeira hora. O acordo que celebrou com o PSD foi fundamental para viabilizar a governação da coligação. A rotura agora anunciada imponha ao presidente do governo retirar as devidas ilações e apresentar uma moção de confiança ao seu executivo. A recusa em fazer essa clarificação é indigna e fere de morte o governo. É mais um exemplo do estado de absoluta degradação a que chegamos na governação dos Açores.