Opinião

Dividam-se os lucros!

O aumento repentino nos custos de energia em janeiro de 2023 teve um impacto significativo nas finanças das famílias e das empresas açorianas. Adicionando a este aumento, todos os outros que têm contribuído para o agravamento do custo de vida, torna-se imperativo que o governo regional apresente soluções e garanta aos açorianos o alívio da pesada fatura que recebem mensalmente.

Com tantos aumentos a onerarem o custo de vida neste último ano e meio, são muitas as áreas de possível atuação por parte dos governantes de modo a aliviar este peso. Mas, destaquemos os custos com a energia elétrica.

Recordo que ainda antes de se fazer sentir o aumento dos custos com a energia na fatura, o Partido Socialista alertou para o impacto que tal teria na economia açoriana. O governo regional remeteu a resposta para o programa Solenerge, já implementado, cujo objetivo passa pela transição energética _substituição das fontes de energia convencionais por fontes de energias renováveis, neste caso a energia solar. Um bom programa para uma transição que será gradual e que abrangerá um número limitado de famílias e empresas, não sendo aqui garantida a proteção aos que têm maiores dificuldades. Portanto, um programa com outros objetivos e sem capacidade de resolver este problema de forma imediata e cabal. Aliás, mesmo naquele que é o seu propósito tem tido grandes dificuldades em concretizar, havendo projetos a aguardar resposta há mais de sete meses.

Olhando para o aumento do preço da energia elétrica, e procurando contribuir para a sua mitigação, o PS apresentou um Projeto de Resolução no Parlamento dos Açores, aprovado por maioria, para que o Governo Regional criasse um Plano Regional de Poupança de Energia e Medidas de Apoio às Famílias e Empresas para Estabilização dos Preços de Bens e Serviços. A aprovação remonta a 20 de janeiro, até ao momento nada foi feito neste sentido. Os Açorianos continuam à espera.

Simultaneamente, a EDA apresentou lucros de cerca de 12 milhões de euros no ano de 2022, distribuindo lucros pelos acionistas, entre os quais o próprio Governo. Se o governo regional é o maior acionista da EDA e recebe dividendos, é razoável que se pergunte se esses dividendos não deveriam ser canalizados para ajudar a reduzir a fatura da eletricidade suportada pelos açorianos.

Perante a conjuntura que se vive, para o Partido Socialista faz todo o sentido que Região possa reverter parte destes lucros para medidas de apoio, nomeadamente, aos custos com a energia. Não esquecer que existem casos em que os aumentos atingem os 60% no custo da eletricidade, veja-se o exemplo das indústrias e empresas regionais que recorrem à média tensão e baixa tensão especial. Tal facto é mais que suficiente, a nosso ver, para que o governo regional avance com medidas urgentes que possam ajudar a compensar o brutal aumento dos custos de produção.

No entanto, por mais iniciativas apresentadas pelo Partido Socialista, por mais alertas feitos, a maior preocupação deste governo regional, e da maioria parlamentar que o suporta, é acusar e denegrir o PS. As dificuldades dos Açorianos? Ficam relegadas para segundo plano! O mais importante é atacar o PS, mais importante que encontrar soluções para os problemas dos Açorianos!