Opinião

Entretanto…

A táctica não é original. Entre velhas notícias embrulhadas para parecerem novas, a atualidade perde-se no ruído dos que se entretêm a olhar criticamente para o passado e acriticamente para o presente. O futuro, agora, interessa ainda menos.  Nos Açores, quem lê alguns comentadores e “analistas”, nota uma predisposição para um juízo exigente sobre o que foi e uma passividade benevolente sobre o que é. A auditoria sobre a SATA não trouxe, na prática, qualquer novidade.  Nada que a comissão parlamentar de inquérito e os relatórios do Tribunal de Contas já não tivessem apurado. Mas, cá está ela perante o espanto e a indignação daqueles que, já antes, várias vezes escreveram sobre o assunto. Entretanto, enquanto o dedo acusador aponta convenientemente para o passado ou para Lisboa, nem um murmúrio se ouve acerca da iminente rutura da tesouraria pública, dos sucessivos e asfixiantes atrasos nos pagamentos a fornecedores, ou sobre o aumento galopante da dívida pública regional. Mas, como diz o povo, “tarde é o que nunca chega”. Em breve, poderemos ler e ouvir novo “ensaio sobre a culpa” e o “J’accuse” dos Zolas de ocasião apontará para os mesmos de sempre.