Quantas vezes ouvimos dizer que uma ideia vai de encontro a outra?
Na nossa cabeça imaginamos logo uma explosão de letras, para ser simpática, e um levantamento de pó desnecessário. Quanto mais não vale a intenção de comunhão de ideias, o encontro de opiniões, a ligação de pensamentos. Quando assim é, diz-se que vai ao encontro, e não, de encontro!
Por estes dias a pensar no que escreveria nesta coluna de segunda-feira de Santo Cristo, ouvi um jornalista dizer, em comentário na televisão, que as ideias de fulano iam “de encontro” às de sicrano e, logo de seguida, corrigiu e disse: “ao encontro, queria dizer”.
Por ser caso raríssimo, diria mesmo único, resolvi que em dia de festa, este seria o tema da crónica de hoje. Vou ao encontro do espírito da festa. O leitor poderá indagar-se sobre o que tem a ver uma coisa com a outra? É legítimo. Desde que não pergunte o que tem “haver”, porque na relação entre uma coisa e a outra, diz-se “a ver” e não “haver”… porque “haver” é de existir ou de dever algo a alguém…
De modo que espero, que por estes dias de festa, a adesão das pessoas seja boa e que ao comentá-la ninguém fale de aderência, porque não consigo (sequer) imaginar centenas e centenas de pessoas coladas ao chão do Campo de São Francisco…
As pessoas aderem; associam-se a ideias, causas, instituições, partidos, eventos, etc. Quando isso acontece é de adesão que falamos.
Se falarmos de pneus, por exemplo, podemos dizer que têm boa aderência à estrada. Aderência é uma característica dos objetos, não de pessoas e como as pessoas não são objetos, é fácil perceber a diferença. Digo eu.
É claro que há sempre muitas formas diferentes de analisar estas questões. Há com “H” e não “á” como muitas e (muitas) vezes se vê escrito por aí.
“Há” de haver e de existir. Ir ao encontro. Imensa adesão de pessoas. Tudo a ver. Nada a dever a ninguém. Boas Festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres!