Opinião

Jovens vs. habitação

A débil situação económica em que vive uma franja significativa dos jovens portugueses, torna-os vulneráveis, particularmente no acesso à habitação, e este é um problema que, nos Açores, deve ser encarado com seriedade, determinação e sem subterfúgios.

Atualmente, muitos jovens açorianos, ou jovens casais, estão impedidos de comprar uma casa, e, desta forma, manietados a uma triste realidade que impede a sua emancipação ou constituição de família.

O aumento galopante e descontrolado do preço das casas, motivado, entre outras realidades, pelo crescimento do sector do turismo, ausência de apoios sérios e concretos por parte do Governo Regional, as regras do Banco de Portugal, nomeadamente quanto à exigência de uma entrada, a subida gananciosa dos juros, fiscalidade elevada e a extrema burocracia nos licenciamentos fazem com que, mesmo os jovens com uma situação económica e laboral estável, não consigam aceder à compra de uma habitação.

Mas esta é uma realidade que o Governo Regional teima em fazer de conta que não vê…!

Porquanto, não obstante o doloroso quadro da habitação nos Açores, na verdade, o se verifica é uma dramática diminuição da execução financeira nesta área, que, objetivamente, não é uma prioridade para o Governo Regional, porquanto, e atendendo à execução financeira da Região, em 2021 ficamos pelos 64% e em 2022, pelos 56,6%.

A cruel realidade é que, segundo dados oficiais, comprar casa em 2022 ficou 19% mais caro do que em 2021.

A tudo isto acresce a falta de oferta de habitação para arrendamento, com o consequente aumento de rendas, torna ainda mais complicado todo este lamentável quadro.

É urgente um pacto social pela habitação, motivado pelo poder político, o qual possa agregar a sociedade civil regional, agentes económicos e sociais, no sentido de ser delineado um ambicioso e exequível plano para combater este flagelo social, que nos Açores, atendendo à nossa dimensão arquipelágica, é diversa da realidade verificada no continente.

E uma realidade diferente, impõe medidas diferentes.

O problema da habitação para jovens é um desafio difícil que, naturalmente exige soluções inovadoras e abordagens diferenciadas, para que seja garantido aos jovens o seu direito constitucional a uma habitação acessível e segura.

O Governo Regional não pode continuar inerte, nomeadamente quanto a esta matéria, sacudindo o assunto para cima do anterior Governo, esquecendo que falta pouco mais de um ano para as próximas eleições regionais e que já é tempo de assumir erros que são da sua exclusiva responsabilidade.