Parece haver na cúpula da coligação um manifesto interesse em esticar a corda com vista ao chumbo do orçamento. A estratégia passa por apresentar o Governo como uma vítima da “chantagem” e da instabilidade provocada pelos partidos mais pequenos. O objetivo é claro: através da vitimização apelar a uma maioria absoluta que permita governar sem dependências ou necessidade de acordos pontuais com a IL, o Chega ou até mesmo o PAN, uma vez que o PS e o BE são oposição declarada à atual solução governativa. A narrativa está montada. Quem chumbar o Orçamento deve ser penalizado nas urnas e a Região irá perder tempo precioso na execução dos fundos comunitários. Visa, simultaneamente, desresponsabilizar a coligação pelo reiterado incumprimento dos compromissos assumidos com os seus parceiros e amedrontar estes últimos com o castigo que certamente lhes será imposto se, porventura, não continuarem a dar a mão a um Governo que deles só se lembra quando precisa de aprovar o orçamento. Em suma, a coligação está convencida de que ou os pequenos partidos se sujeitam ao “abraço do urso” e aprovam o orçamento ou serão culpados por uma eventual crise política.