Opinião

O tal acordo

No início deste mês o Governo dos Açores anunciou com toda a pompa e circunstância um acordo de parceria estratégica. Chamou-lhe o Presidente do Governo, numa declaração ao parlamento, um acordo de cavalheiros.

Este acordo tinha tudo para ser um bom presságio, até porque se juntarmos a realidade económica que hoje vivemos à evolução negativa dos indicadores sociais e das contas públicas é mais do que óbvio que a recuperação destes indicadores exige uma estratégia conjunta.

Mas, não foi isso que aconteceu e há coisas que mancharão este acordo.

Um deles é o facto deste acordo não ter sido efetivamente alargado. O Governo Regional assinou um acordo com três parceiros sociais deixando de fora outros vinte e quatro que também compõem o Conselho Económico e Social dos Açores. Isso mostrou claramente pouca ambição e foi sobretudo mais um reconhecimento de pouca capacidade de diálogo.

O tempo e as dificuldades exigiam outra postura, outra abertura e outra concertação para que este fosse efetivamente um documento agregador no combate pela melhoria de vida dos açorianos.

Mas, mesmo assim, ao contrário do que era necessário e até exigido, entendeu o Governo, estrategicamente, assiná-lo.

E digo estrategicamente porque, na minha leitura, a assinatura deste acordo, neste momento, não é mais do que uma tentativa de “trunfo” para ser utilizado nas negociações que terão de ser feitas para o próximo Plano e Orçamento da Região.

É preciso não esquecer a questão do endividamento zero, porque neste momento, o atual Governo Regional tem, por um lado os parceiros sociais a gritarem para que se reverta esta decisão e por outro tem acordos firmados com os partidos que têm sustentado esta solução governativa e aprovado os orçamentos.

Para qual dos lados penderá o Governo?

 

(Crónica escrita para Rádio)