No passado dia 14 de setembro o Banco Central Europeu anunciou uma nova subida das taxas de juro em 25 pontos base. Esta foi a décima subida consecutiva das taxas de juro, atingindo o valor mais alto da história da zona euro.
Perante esta notícia, o Governo da República, do Partido Socialista, prontamente agilizou medidas de reforço ao apoio às famílias que ficam a braços com mais um aumento dos custos associados ao crédito à habitação. Num momento de especial fragilidade, e com as famílias a suportarem encargos cada vez maiores, o Governo da República já apresentou como medidas (1) a redução e estabilização das prestações no crédito à habitação, através da redução até 30% nos juros suportados; (2) o alargamento dos apoios da bonificação dos juros do crédito à habitação e, ainda, (3) o prolongamento da suspensão da comissão de reembolso antecipado.
E, mais uma vez, os açorianos contam com o Governo da República para acudir ao agudizar das dificuldades impostas pela crise inflacionista que enfrentamos. O contexto é difícil? Sem dúvida. Existem fatores externos a ditar tais dificuldades? É verdade. Mas, enquanto o Governo da República, assume a sua responsabilidade e avança com medidas para aliviar as famílias portuguesas, incluindo as açorianas, o Governo Regional continua a assobiar para o lado. Já nos habituou, nesta, como em outras situações, a apontar o dedo a terceiros e a lavar as mãos.
A única resposta dada até ao momento face ao aumento dos custos com o crédito à habitação, por parte do Governo Regional, concretizou-se com o programa CREDITHAB. Um programa desenhado por este governo de coligação, no seguimento de uma proposta apresentada pelo PS/Açores e chumbada na Assembleia Regional. De uma boa proposta resultou um programa mal desenhado que só serve para fingir que se faz. Basta atentar ao montante alocado ao mesmo, 1 milhão de euros e ao montante, efetivamente atribuído às famílias, 175 mil euros. Foram apoiadas apenas 170 famílias açorianas das 1800 que estão já num contexto de dificuldade para fazer face à subida das taxas de juro. É muito poucochinho!
(Crónica escrita para a rádio)