A atuação do atual Governo no arranque do ano letivo deixou a nu a sua insensibilidade perante alunos, pais, professores e assistentes operacionais. A insatisfação fez-se ouvir em diferentes quadrantes: os pais, a FAPA – Federação das Associações de Pais dos Açores e os Sindicatos dos Professores. O arranque do novo ano letivo foi novamente atribulado e suscitou grandes preocupações em todas as unidades orgânicas das nossas 9 ilhas dos Açores, o que poderia e deveria ter sido evitado com melhor planeamento e mais atenção. Apontaram a falta de professores, a falta de assistentes operacionais ou de bolseiros ocupacionais direcionados aos alunos com Necessidades Educativas Especiais como a maior das preocupações. O Governo, necessariamente, sabia de tudo isto, mas protelou, ignorando os impactos de tal atitude nos alunos e nas instituições de ensino. Este é o novo paradigma da abertura do ano escolar, não se antecipam problemas espera-se que eles nos batam à porta. Um Governo insensível.
A insensibilidade deste Governo não se fica por aqui, mantém-se numa outra questão de particular relevância para os açorianos, a reforma e modernização do sistema de transportes terrestres coletivos de passageiros. E mesmo perante a oportunidade oferecida pelo PRR de investir na questão da transição energética e da transição climática, aproveitando-a para a reforma dos transportes terrestres. Não só contribuiria para o cumprimento das metas ao nível destas transições, como colocaria ao serviço dos açorianos um sistema de transporte à medida das suas necessidades. O que faz o Governo? Deixa passar esta oportunidade. Um Governo insensível.
E, ainda esta semana, uma nova decisão revestida de alto teor de insensibilidade, imprópria mesmo para consumo. Veio o Governo anunciar restrições no passe social gratuito nos Açores destinado aos idosos no primeiro e segundo escalão do IRS, reduzindo-o de 44 para 10 viagens. E, novamente, um governo que apregoa muito e oferece poucochinho, especialmente, quando falamos de idosos cujos níveis de rendimento são baixos e, tal como acontece com a grande maioria dos açorianos, enfrentam sérias dificuldades económicas. Um governo insensível! É caso para dizer: sensibilidade procura-se.
(Crónica escrita para a rádio)