Às vezes sinto que algumas crónicas que partilho convosco são repetitivas e com isso fico até com algum receio de maçar os ouvintes desta rádio, contudo a importância do assunto e a necessidade que sinto de aproveitar este espaço para informar e alertar acaba por ser mais forte que eu.

Nesta crónica assumo novamente esse risco de ser repetitivo e peço desde já perdão àqueles ouvintes que vão achar o assunto maçador.

O assunto a que me quero referir são os dados que vão sendo conhecidos sobre a dívida pública da região e o défice gerado pela gestão das contas públicas nos Açores.

Mas, na tentativa de diminuir a maçada que alguns sentirão ao ouvir-me não me vou referir aos valores em concreto. Prefiro deixar algumas notas para reflexão:

O atual Governo dos Açores foi o Governo que mais dinheiro arrecadou na história da nossa Autonomia. Foi o Governo que devido à inflação, recebeu mais dinheiro gerado pelos impostos pagos por todos os açorianos e pelas empresas açorianas. Este Governo é o Governo que tem à sua disposição os montantes extraordinários do PRR.

Mas, mesmo assim, é o Governo que, ano após ano, apresenta recordes na dívida, no défice e na fraca taxa de execução orçamental. Tem sido, mesmo assim, atrevo-me a dizer, o Governo na Europa que menos medidas de apoio às famílias e empresas criou. Este Governo é o Governo nos Açores que menos investimento público tem apresentado limitando-se a concluir e a inaugurar aqueles que já vinham de Governos anteriores. Mais, este Governo é o Governo que menor taxa de execução de fundos comunitários tem apresentado quando os Açores eram reconhecidos pelas suas ótimas taxas de execução.

Ou seja, de uma forma resumida, o Governo dos Açores tem mais dinheiro disponível, mais dívida e mesmo assim não se vê resultados práticos desta realidade.

Concluo esta crónica dizendo que me parece muito legítima a pergunta que muitos já fazem: por onde anda esse dinheiro?

(Crónica escrita para Rádio)