Opinião

Póquer

No jogo de póquer em que a política regional se transformou, a votação do último orçamento da legislatura constitui o derradeiro bluff. Na bolha parlamentar, sucede-se o jogo de espelhos. A geometria variável é, afinal, a praia certa para quem, sem limites ou programa próprio, não se importa de comprometer o futuro a troco de um presente cada vez mais efémero. Na mesa, as cartas são óbvias. O desdém da coligação pela IL, o menosprezo pelo Chega e o piscar de olho ao PAN são reveladores. Lima, Estevão e Bolieiro não acreditam que aqueles que viabilizaram os anteriores orçamentos tenham coragem para fazer diferente. Por isso, apoucam e provocam o “peixe miúdo” convencidos de que, assim, este não cairá na “armadilha” de chumbar o orçamento. Neste póquer, a coligação estende a sua teia de enganos ao PAN, à IL e ao Chega: ou aprovam - e depois que se desenrasquem a disputar eleições como avalistas da coligação - ou chumbam e será cada um por si e todos contra todos. Todos não: a taluda saiu a Lima e a Estevão que não terão que testar nas urnas o peso relativo do CDS e do PPM. Parafraseando um ex-líder parlamentar - é beber o copo até ao fim...