O governo regional dos Açores apresentou na passada segunda-feira o orçamento da Região para o próximo ano. O Secretário das Finanças não poupou na propaganda, estamos perante o maior orçamento de sempre. Uma completa ficção atendendo aos níveis de execução orçamental do atual governo e aos deficits orçamentais na casa das centenas de milhões de euros.
Nos bastidores da política açoriana cheira a fim de festa. Os parceiros dos acordos parlamentares que permitiram aprovar três orçamentos na atual legislatura estão desiludidos com os resultados da governação.
A degradação das finanças regionais, marcada pelo disparo da dívida em 660 milhões entre 2021 e 2022, as taxas medíocres de execução do investimento público e a sensação generalizada de falta de rumo, despesismo e incompetência do governo, recomendam uma demarcação da parte dos pequenos partidos. Estes partidos correm sérios riscos em ir a eleições como cúmplices da governação do PSD-CDS-PPM.
As negociações anuais em torno do orçamento da região têm sido um espetáculo muito pouco edificante. Bolieiro surge como apaziguador mas acaba por ceder, condescender e engolir sapos impostos por partidos que apenas pensam nos seus interesses eleitorais locais.
O Orçamento para 2024 seria a circunstância ideal para o PSD impor limites às negociações e meter os seus micro parceiros na linha. Bolieiro deveria procurar ser “transformista”, não ceder para além do razoável e não recear seguir para eleições antecipadas.
Neste cenário, o PSD teria a desculpa ideal para acabar com a coligação governamental. Um fim precoce da coligação dispensaria o PSD de ir a votos coligado com os seus inconvenientes parceiros. Todas as fraquezas do PSD seriam reconfiguradas com uma candidatura autónoma.
Aproxima-se a hora H, um momento de clarificação. A votação do orçamento da Região para 2024 representará a última oportunidade para o presidente Bolieiro se assumir como o líder político que nunca foi.