Opinião

Politiquice

Consta que os tetos de algumas salas do Palácio de Sant’Ana abateram. A coincidência é irresistível. A coligação, para além de se revelar incapaz de resolver os problemas que tem dentro de casa, vê esboroar as condições objetivas para continuar a governar. Primeiro, foram-se os apoios parlamentares. Agora, é o orçamento que não resiste ao teste do algodão. Aos poucos, a “confiança” - que foi o mantra de Bolieiro - vai-se diluindo na espuma dos dias. Não é, por isso, de estranhar o tom azedo utilizado pelo Presidente do Governo para acusar de “politiquice” a maioria dos deputados do Parlamento Regional quando estes, na verdade, se limitaram apenas a exercer as suas competências. A razão, no fundo, é a mesma que faz com que os membros do governo se esqueçam dos seus deveres institucionais e se atirem desbragadamente ao líder da oposição, confundindo as vestes de governante com as de dirigente partidário. Numa democracia, não há que ter medo de “ouvir” o veredicto popular, sobretudo quando o Governo perdeu objetivamente a confiança do Parlamento. Não o compreender é apenas penoso e leva ao arrastar de uma situação inevitável.