Opinião

Centralidades...

Dos lugares-comuns, mais ou menos transformistas, que o ajuntamento da direita regional introduziu no discurso propagandístico está a centralidade do Parlamento.
A verdade, porém, é que o número de presenças do Presidente do Governo, a resposta farisaica à maior parte dos requerimentos, a reação de terceiro anel dos seus apaniguados às intervenções da oposição - denotam a fantasia da propaganda e uma crónica desvalorização da verdade.

E, no entanto, cabe ao Parlamento a aprovação de documentos fundamentais, como a Lei do orçamento. E, quem não ganha eleições, deve cuidar da estabilidade que garantiu ser de quatro anos.

Apesar da usura da palavra, parece que, desta vez, vem lobo. Quer dizer: apesar do silêncio dos últimos dias, face a posições tomadas, e claramente ditas e gritadas no corrente ano, a lei do orçamento para 2024 pode, pela primeira vez na história da nossa Autonomia, ser reprovada.

Velhos e novos estabilizadores sentem-se desrespeitados e usados; de tantas vezes rasgados, os acordos já têm mais buracos do que papel e a pantomina tem que ser clarificada.

Aproveitando a gaguez da conjuntura nacional, Marcelo não se pronuncia, nem manda recado. Seria precoce, dirão alguns. Pois precoce é o nome do meio de Marcelo, digo eu - como se viu há dois anos, a respeito do chumbo do orçamento da República... Mas a mudez já começa a ser ruidosa, em escala crescente...

Entretanto, a trindade governativa diz que agora é que é, nunca houve orçamento como este, as obras já se farão sem projeto e sem previsão orçamental, e sobre os trabalhadores da função pública correrão leite e mel, pelo menos segundo sindicalista da corporação.

Quer isto dizer que vivemos tempos interessantes. Em que todos serão chamados a assumir as suas responsabilidades e a provar coerência ou falta dela... Cá e lá. Porque o povo açoriano merece e exige!