O período de preparação das próximas eleições regionais de 4 de Fevereiro ficou marcado, até agora, por mais uma embaraçosa derrota política do governo regional.
A Comissão Nacional de Eleições (CNE), instada a pronunciar-se sobre diversas queixas, considera o executivo da coligação PSD/CDS/PPM “suspeito de não cumprir deveres de neutralidade e imparcialidade a que está obrigado”. Entretanto o processo seguiu para o Ministério Público.
Não deixa de ser curioso o facto de a CNE não ter agido por iniciativa própria. Foi necessário que essa instituição se confrontasse com dez queixas para agir, pronunciando-se sobre múltiplas práticas flagrantes da parte do governo dos Açores que está em gestão desde o passado dia 11, devido à dissolução da Assembleia Legislativa Regional.
O atual período noticioso foi ainda marcado por um artigo de Álvaro Dâmaso, aqui neste jornal, em que o antigo líder do PSD-Açores relembra que “os partidos que fazem cair um governo perdem as eleições seguintes”. Ficamos sem saber a opinião do ilustre cronista sobre o destino de governos incapazes e incompetentes que não cumprem acordos formais e que por isso não chegam ao fim de uma legislatura de 4 anos.
Álvaro Dâmaso é uma personalidade prestigiada e muito experiente da nossa vida pública. A sua opinião é valorizada em vários sectores da nossa sociedade. Poderia ter teorizado sobre um aspeto de relevância política nos tempos que correm e que o próprio tem grande propriedade em abordar: garantir um “acordo de princípios”, entre os dois partidos com maior expressão eleitoral na Região, para assegurar que quem vence eleições forma governo, cabendo ao segundo mais votado garantir a aprovação de dois orçamentos mediante a negociação de três ou quatro compromissos genéricos. É certamente uma ideia criticável mas ao menos confere maior confiança aos eleitores e pode contribuir para evitar tentações extremistas.
Um bom ano para todos os leitores do Açoriano Oriental e muitos sucessos a este Jornal no novo ciclo que se abre em 2024.