Aproximam-se as Eleições Legislativas Regionais e os barcos das campanhas já navegam a velocidade de cruzeiro. Apesar deste ser um ato eleitoral inesperado, consequência de uma solução instável, julgo que este será o ato eleitoral mais importante dos Açores desde junho de 1976, quando ocorreram as primeiras eleições legislativas na nossa Região.

Dadas as circunstâncias de uma certa galvanização de políticas mais extremistas e também aqueles que são os principais personagens que vão a jogo, julgo que está muita coisa em causa nestas eleições.

Os ouvintes que me acompanham nestas crónicas, têm ouvido as minhas chamadas de atenção para os perigos que alguns movimentos políticos podem vir a representar para a sociedade e para a própria governabilidade da Região e do País. Aliás, é preciso não esquecer que esses perigos já foram, sem sucesso, experimentados em outras partes do mundo e eu acho que os Açores também já perceberam quais as consequências destes movimentos.

É por isso eu insisto na retórica de que o próximo ato eleitoral representa para os Açores e para os açorianos uma enorme oportunidade que não pode nem deve ser desperdiçada.

Perante a possibilidade de a estabilidade governativa e democrática estarem em causa, é ainda mais crucial abordar este ato eleitoral com responsabilidade. Avaliando as propostas que visam fortalecer as estruturas democráticas, relevando os candidatos que demonstrem compromisso com a democracia, respeito pelas instituições e pelo Estado de Direito, que olhem a igualdade como um desígnio inabalável e que no fundo relevem o Estado como um todo e ao serviço de todos.

A democracia constrói-se passo a passo e o próximo ato eleitoral é um passo importante nesta construção. Não gostava de ver a minha Região voltar aos tempos em que o conservadorismo era o que mais nos impedia de crescer.

(Crónica escrita para Rádio)