Opinião

A ilusão fiscal

Em campanha, a promessa de mudança das políticas socialistas eram o mote nos ouvidos dos portugueses. O novo governo, eleito com uma bandeira da reforma fiscal, ergueu-se com a promessa ousada de aliviar o IRS em mais 1.500 milhões de euros. No entanto, à medida que os dias passaram e a discussão sobre o programa de governo se desenrolava, ficou claro que essas esperanças eram apenas miragens.

 

Os discursos fervorosos da campanha da AD transformaram-se num manancial de justificações quando os detalhes destas medidas foram finalmente revelados. Ou seja, o truque não passou… Em vez de mais 1.500 milhões de euros afinal é só 20% desse valor já que 80% vem dos governos do PS.

 

Os líderes desta farsa, passados nem 15 dias da sua tomada de posse, são agora vistos como ilusionistas e arquitetos da deceção. Não há comentador ou jornalista em Portugal que se debruce sobre estes assuntos que não tenha tido o cuidado de vir a público denunciar este embuste. Sentiram-se traídos e enganados não só pelas promessas, mas pela omissão do que estava realmente em causa neste assunto.

 

Enquanto esta desilusão se espalha, fica mais uma vez claro que a política exige mais do que meras palavras e promessas ocas. Exige transparência, exige responsabilidade e um compromisso genuíno com aquilo que também vai sendo dito em campanha eleitoral.

 

Esta triste história, de quem prometeu um verdadeiro choque fiscal em Portugal e que acabou enganando todos, tornou-se numa lição sobre a importância da integridade e da honestidade na política.

 

(Crónica escrita para Rádio)