Opinião

Ser Solidário não é ficar caladinho e quietinho!!!

 

Quando acontecem eventos graves, inesperados e com consequências sérias para a nossa vida colectiva, todos querem ser informados e esclarecidos sobre o que aconteceu, quais as causas e, sobretudo, quais as consequências do ocorrido.
Numa sociedade moderna e democrática isso é ainda mais evidente, e ainda bem que assim é.
O escrutínio e a solicitação de esclarecimentos, bem como a obrigação de esclarecer são fundamentais.
O caso do incêndio no Hospital do Divino Espírito Santo, em São Miguel, é um desses momentos.
Por tudo o que essa infraestrutura representa para a Ilha de São Miguel e para os Açores e pelo facto de estar em causa a capacidade de prestação de cuidados de saúde a milhares de açorianos, este é um assunto que causa grande preocupação e angústia a todos, pelo ocorrido e pelas consequências que podem daí advir, sobretudo quando é sabido por todos que as listas de espera em vários cuidados de saúde, consultas e exames complementares de diagnóstico tem vindo a aumentar consideravelmente.
Temos acompanhado de perto todas as notícias, acções e comunicações sobre o que foi e está a ser feito. Sabemo-lo pela comunicação social. Mas é com alguma preocupação que lemos o comunicado do Conselho Regional do Partido Social Democrata dos Açores com referências a esta matéria afirmando "Não é aceitável que este momento critico sirva para aproveitamentos político-partidários de circunstância, como alguns têm tentado fazer"!!!
Ou seja, conclui o PSD Açores que questionar, pedir esclarecimentos, querer saber o que aconteceu, o que está a ser feito e as consequências do ocorrido é "aproveitamento político-partidário".
Em boa verdade, esta frase do comunicado não é inocente.É uma tentativa de condicionamento.
Esta frase é que constitui um claro aproveitamento político-partidário de uma tragédia para condicionar partidos políticos e parceiros sociais, tentando criar-se a percepção de que quem questionar ou duvidar não o pode fazer no espaço público, porque isso seria um "aproveitamento político-partidário."
Nada mais errado. Em democracia, o escrutínio é fundamental. Sobretudo num momento em que o Parlamento e os partidos que o compõem, representando todos os açorianos, não tiveram qualquer contacto ou esclarecimento formal do Presidente do Governo ou da Secretária da Saúde sobre o que aconteceu e sobre o que esta a ser feito.
Esta tentativa de condicionamento representa uma concepção muito perigosa sobre o que deve ser o debate público e do que deve ser uma democracia madura em que tudo todas as políticas públicas são escrutináveis e exigem esclarecimentos.
Apoio incondicional para mais recursos para resolver os problemas, claro que sim.
Apoio incondicional aos profissionais de saúde que tiveram uma acção extraordinária no dia dos acontecimentos e que continuam a ter a sua actividade muito condicionada e a fazer um esforço tremendo para garantir condições de segurança a todos os utentes, claro que sim.
Solidariedade total para apoiar as melhores soluções, claro que sim.
Ficar quietinhos e caladinhos, obviamente que NÃO...