Esta semana foi tornado público o relatório "Portugal, Balanço Social 2023" e os dados relativos à pobreza nos Açores são profundamente desoladores e demonstrativos que pouco, ou melhor dito, nada foi feito pelo Governo Regional, nos últimos três anos, para combater este flagelo que deveria ser a preocupação maior da nossa Autonomia, mas infelizmente, por opção política da Coligação PSD/CDS/PPM e dos partidos que são "parte da solução" que nada soluciona, não é.
Do relatório decorre que na Região a taxa de risco de pobreza está 9 pontos percentuais acima da média nacional, no entanto, os dados verdadeiramente preocupantes e que devem fazer tocar campainhas nos gabinetes de veludo do Governo Regional para acordar a corte especializada, são que, entre 2021 e 2022, (i) os Açores e a Madeira, foram as únicas regiões em que a taxa de pobreza aumentou e, nesta "liga dos últimos", foi nos Açores que se verificou um maior aumento daquela taxa que passou de 21,9% para 25,1%, (ii) que a taxa de privação material e social severa desceu em todas as regiões de Portugal menos nos Açores, onde passou de 8,7% para 9,8% (iii) e que os Açores são a região mais desigual, com a agravante de serem aquela em que a desigualdade mais aumentou, passando de um coeficiente de Gini de 33 para 34,8.
Aqui chegados, é necessário recordar para o seleto grupo de pessoas que prontamente sacará do mantra de que nós nos preocupamos com os números enquanto eles se preocupam com as pessoas, as seguintes lapalissadas: (i) uma maior percentagem na taxa de risco de pobreza significa que mais pessoas estão em risco de pobreza, (ii) uma maior percentagem na taxa de privação material e social severa significa que 1 em cada 10 açorianos está nesta situação, quando anteriormente eram menos, (iii) e um coeficiente de Gini mais elevado significa que existe uma maior diferença dos rendimentos dos açorianos mais ricos face aos açorianos mais pobres.
Assim sendo, há que concluir que nestes três anos, em matéria de pobreza, da parte do Governo dos Açores, nem preocupação com os números, nem preocupação com as pessoas e a ter havido algum tipo de preocupação foi no imediato abandono da Estratégia Regional de Combate à Pobreza e Exclusão Social e na pronta adjudicação de um Plano ao Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.
Foram estas as pobres prioridades do Governo Regional e os maus resultados estão à vista.