Em política, o debate de um orçamento é sempre um momento de grande expectativa. Este ano, a coligação apresentou-se prometendo a continuidade de uma suposta mudança. No entanto, ao invés de uma exibição de ideias frescas e políticas arrojadas, fomos presenteados mais uma vez com dedos apontados e recriminações incessantes aos governos do PS.
Assistiu-se a um preocupante desvio de foco. A coligação, que deveria defender as suas medidas e explicar como estas beneficiariam a Região, optou por gastar as suas energias a criticar supostos erros passados. Cada argumento e cada proposta era uma oportunidade perdida para construir, substituída por uma tentativa de derrubar anteriores governações.
Essa estratégia, embora compreensível como um mecanismo de defesa, revela uma grande fragilidade. Em vez de se afirmarem com base nas suas próprias medidas, o governo atual parece necessitar da comparação constante para se justificar.
Nós, observadores atentos, percebemos bem que o tempo e a energia gastos em críticas ao passado são uma clara falta de compromisso com o presente e o futuro. Precisamos de líderes que olhem para frente, que apresentem soluções inovadoras e que mostrem capacidade de governar com autonomia e clareza de propósito.
O passado, embora importante, não pode ser a única lente através da qual avaliamos o presente. Governar é um ato de responsabilidade, uma construção contínua. A coligação deve lembrar-se que, enquanto insistem em olhar para trás, a Região espera ansiosa por avançar.
(Crónica escrita para Rádio)