Opinião

Decidir diferente

A tentação de reivindicar que a República estenda e pague as suas medidas "simpáticas" às Autonomias é um caminho fácil e pedincha, mas com perigos óbvios para a nossa livre administração. A Autonomia deve exigir, outrossim, e a título de solidariedade nacional, meios financeiros robustos e suficientes, para o alcance de níveis de desenvolvimento que os portugueses do atlântico merecem -- o que implica compensar os elevados sobrecustos da dispersão e micro dimensão da dupla insularidade -, cabendo aos poderes autonómicos encontrar, de forma criativa, as específicas e concretas soluções que aquela realidade reclama. É que para termos tudo igualzinho... esvai-se a Autonomia!
Foi assim há vinte e poucos anos, quando os responsáveis políticos dos Açores, ao nível da modernização da nossa Administração Pública, decidiram conceber e implementar a Rede Integrada de Apoio ao Cidadão (RIAC). Em parceria com o então Governo da República, de Jorge Coelho e Fausto Correia, optou-se, no entanto, por não transplantar uma megaloja do cidadão, em alguma putativa capital doméstica: ao invés, a descentralização e a multiplicação de múltiplas estruturas de apoio em muitas das nossas pequenas comunidades e em território descontínuo, foi a aposta concebida, implementada e de comprovada eficácia. O apoio dado por essas estruturas, muito para além dos serviços da Administração Regional, tem trazido sinergias, ganhos de produtividade e de eficiência e uma nova mentalidade de colaboração interdepartamental.
Foi há vinte anos, completados o mês passado, que a primeira loja abriu - comprovadamente uma boa iniciativa da Autonomia, dos seus decisores políticos e dos responsáveis da administração pública que a concretizaram. Com arrojo autonómico é preciso continuar a querer e saber decidir e fazer diferente. Sempre!