I
Esta foi mais uma semana de intenso trabalho em Estrasburgo. Primeiro, na Comissão de Agricultura e Desenvolvimento Rural onde tive oportunidade de questionar o Ministro húngaro sobre as prioridades da Presidência húngara do Conselho da União Europeia para a Agricultura.
No momento em que a tónica está colocada na competitividade, lembrei que os nossos agricultores têm razões para estarem descontentes. Face ao aumento dos custos de contexto, do preço da energia, do preço das matérias primas, alertei aquele governante que é preciso fazer mais e fazer melhor para compensar quem trabalha 365 dias por ano e se sente incompreendido pelo poder político perante as crescentes dificuldades que enfrentam.
Nas Pescas, o grupo socialista e democrata, do qual sou coordenador, reuniu com o Comissário designado para as Pescas e os Oceanos, o cipriota Costas Kadis. Para além de o ter convidado a visitar os Açores, este encontro foi muito útil para abordarmos os principais temas que vão estar em cima da mesa do futuro comissário ao gongo do seu mandato.
II
Mas foram as notícias sobre os primeiros rascunhos da Comissão Europeia para o próximo Orçamento da União (pós 2027) que mais preocupação suscitaram.
A fazer fé nessas notícias, pode estar em causa uma alteração radical da forma como as regiões em cada Estado Membro participam na decisão dos fundos com uma centralização inaceitável dessas competências apenas na Comissão e nos governos nacionais.
Foi por isso que alertei o Plenário do Parlamento e preparei também uma carta a endereçar à Presidente Von der Leyen a solicitar que esclareça e desminta estes rumores. Nestas matérias, como em tantas outras, não podemos esperar que o fumo se transforme em fogo e perante a proliferação de notícias sobre esta matéria, entendi que mais vale prevenir do que remediar. Também aqui, e como nos ensina o dito popular – “o seguro morreu de velho”, pelo que o mais importante é assegurar, de modo oficial, que estas notícias alarmantes não têm correspondência com a realidade do que, ao invés, fazer fé em conversas de corredor. Há muito que todos sabemos que em Bruxelas nada está decidido até estar decidido e as ameaças à política de coesão e à gestão partilhada não são de agora.
III
A semana acaba com uma muito boa notícia: a primeira reunião do grupo dos deputados das Regiões Ultraperiféricas que, em conjunto com o meu colega das Canárias, Juan Fernando Lopez Aguillar, tive a oportunidade de organizar e que contou com a presença da maioria dos deputados das RUP’s, inclusive do meu colega açoriano, Paulo Nascimento Cabral, com quem tenho o gosto de partilhar esta página. Esta será uma legislatura muito desafiante para as nossas regiões e a defesa do seu estatuto na UE, pelo que este sinal de união é muito, muito importante.
IV
Estamos a menos de um mês das eleições norte-americanas cujo impacto global é por todos reconhecido. De um lado, está o trumpismo, apoiado por uma linha dura, ultraconservadora e evangélica que, como todos vimos no passado, não olha a meios para atingir os seus fins. Do outro, uma política moderada, comprometida com os valores da democracia, da liberdade e da separação de poderes. É, por isso, chocante ver quem, no nosso país, se diga social-democrata e manifeste dúvidas sobre quem prefere ver na liderança da maior potência do mundo.