Nos últimos anos, Portugal tem sido reconhecido pela sua segurança, tanto a nível interno como internacional. De acordo com o Índice da Paz Global, o nosso país é o 7º mais seguro do mundo, destacando-se pela estabilidade social. Alguns dos indicadores deste índice colocam Portugal com um “cadastro” limpo, refletindo uma realidade que, apesar das exceções, é visível nas ruas e no nosso dia-a-dia.
Paralelamente, outro ranking relevante, o da CEOWORLD Magazine, mostra a evolução de Portugal, que subiu da 46ª posição em 2020 para a 30ª em 2024. Estes dados reforçam a imagem de um país que, apesar dos desafios, continua a ser uma referência de paz e segurança na Europa.
No entanto, ao contrário do que os números indicam, o discurso político muitas vezes caminha na direção oposta. Não são poucos os exemplos de políticos, do centro à direita, que exageram nas suas análises, distorcem indicadores e apresentam um cenário alarmista. Um dos temas mais explorados por esses discursos é a imigração. Muitos políticos, sem base fatual, associam o aumento de imigrantes a uma suposta ameaça à segurança, generalizando e descontextualizando os dados.
Além do cenário político, também muitos meios de comunicação social, particularmente alguns programas televisivos, contribuem para esta sensação de insegurança. A criminologia e a violência são frequentemente temas de destaque, criando nas pessoas uma perceção distorcida da realidade. O sensacionalismo mediático alimenta o medo e contradiz os dados objetivos de segurança.
Esta combinação de fatores – exagero político e o foco mediático na criminalidade – gera uma perceção pública de insegurança, que, ironicamente, contrasta com os números positivos que colocam Portugal como um dos países mais pacíficos do mundo.
Nós somos efetivamente um dos países mais seguros do Mundo.
(Crónica escrita para Rádio)