Há perigos que nos espreitam. Perigoso, por exemplo, é não nos apercebermos da importância que tem para uma sociedade, sobretudo democrática, temas como a segurança, e ou a imigração, que muitos se apressam fatalmente a correlacionar.
Daí que o tema da insegurança, sem complexos, deva ser equacionado. Com a centralidade que alguma esquerda por vezes não lhe dá; sem o alarmismo oportunista da direita radical, que cresce na proporção do medo, e cuja lógica maniqueísta precisa desesperadamente de inimigos, que se lobrigam em tudo o que é diferente, seja na etnia, na cor, nas opções, ou na língua.
Vem isto a propósito dos atos de vandalismo que têm vindo a ocorrer na grande Lisboa, sobretudo nalguns bairros sociais e periféricos, na sequência da morte, levada a cabo por um agente da PSP, de um cidadão de origem Cabo-verdiana.
É claro que a morte dum cidadão tem de ser, em nome da dignidade da pessoa humana, pronta e cabalmente investigada, para descoberta da verdade material e eventual apuramento de responsabilidades. Consta que é o que está sendo feito. E as reações, ainda que emocionais, de próximos e amigos têm sempre que se conformar com o Estado de Direito e as suas regras, cujo cumprimento, aliás, tanto se exige.
Temos que confiar numa Polícia democrática, mesmo que alguns dos seus membros possam errar. Aí, entrarão em cena os Acusadores Públicos e os Tribunais. É preciso restabelecer a paz pública, que é sempre mais arriscada e perigosa para os mais frágeis, de todas as pobrezas. E sobretudo continuar a prevenir: através duma igualdade e equidade efetivas, sempre em construção: em educação, habitação, nível de rendimento e efetivo respeito. Porque nunca é presuntivo criminoso nem o polícia nem a vítima...
E só fazendo tudo isto, de forma material e pró-ativa, poderemos dizer: estamos todos a cumprir a Lei!