Opinião

Elevação?

Desde a primeira hora, o PS/A esteve disponível para viabilizar o Orçamento da Região Autónoma dos Açores, através de uma abstenção.

Fizemo-lo conscientes da nossa responsabilidade, apesar de entendermos que o Orçamento apresentado pela coligação PSD, CDS/PP, PPM, coadjuvada pelo CHEGA, continha um conjunto de políticas erradas, de que discordamos, que não acodem, por exemplo, ao facto de termos registado, em 2023, uma taxa de 31,4% de risco de pobreza ou exclusão social e termos sido considerados o território mais vulnerável do país.

Contra os nossos argumentos, o Presidente do Governo enveredou pelo populismo duvidoso e redundante de apelar a que elevemos a Região “para cima”, ignorando todas as restantes circunstâncias, que ainda ontem, por exemplo, este jornal retratava na sua manchete, com dados do próprio Governo: “Mais de metade das crianças do pré-escolar precisam de apoio social.”

Na minha concepção destas coisas, “elevar os Açores” seria perceber que de facto temos um problema, entre mãos, que não se coaduna com um discurso vago, aliado a uma certa pretensão de parecer aquilo que não se é. E, também por isso, apresentámos ao Presidente do Governo, um conjunto de 11 medidas, que julgamos poderiam ter contribuído para melhorar os documentos.

Primeiro fomos absolutamente ignorados; depois houve a tentativa de nos desacreditar, através de vozes do PSD, que por aqui e, por ali, foram tentando desdenhar das nossas propostas, até que na véspera das votações dos documentos (4.ª feira), o Presidente do Governo informou-nos que das 20 propostas de alteração, que lhe enviámos previamente, apenas duas seriam aprovadas. Duas do Plano.  

Perante todas estas circunstâncias, considerando inclusivamente que o Governo Regional assumiu, durante o debate destes documentos, que os filhos de desempregados vão ser discriminados no acesso às creches, sendo prejudicados, em razão da situação laboral dos seus pais, não nos restou, outra posição, se não a do voto contra.

Bem sei que esta situação de discriminação de crianças já fez o Presidente do Governo Regional rir, talvez movido por aquele célebre ditado popular, que diz que “Rir é o melhor remédio” …

Todavia, eu acho que já nem rir vai sarar essa ferida, que ficará mais exposta com o resultado do debate e votação do Plano e Orçamento para 2025.