Esta semana, ao refletir sobre a sua governação em entrevista à rádio e televisão públicas dos Açores, o Presidente do Governo adotou uma postura de negação em relação aos problemas que afetam a nossa Região. O seu raciocínio pareceu-me vago, intransigente e desconectado da realidade das pessoas, em alguns casos até inverídico.
Foi vago, pois não apresentou soluções concretas e temporais para os desafios que enfrentamos. Por exemplo, não se falou do impacto do endividamento crescente da Região, que ultrapassa 1000 milhões de euros em três anos e meio, e das suas consequências na vida dos açorianos. Também não se explicou por que, após a reestruturação e um apoio público de 453 milhões ao Grupo SATA, já estamos na terceira administração nomeada, com prejuízos médios de 46,3 milhões nos últimos quatro anos, muito acima da média anterior à pandemia.
Intransigente, este Governo, fragilizado por ser uma minoria parlamentar, parece atuar sem diálogo, impondo as suas ideias sem buscar parcerias. A postura do Presidente do Governo é evidente quando ignora a disposição do PS para um acordo que salve o Grupo SATA, como se ignorasse a gravidade da situação, semelhante à banda do Titanic tocando antes do naufrágio. Acreditamos que a SATA vale o nosso esforço.
Eleitoralista, o Presidente do Governo não apresenta respostas ou soluções, apenas culpados. Passados quatro anos, ainda fala da redução de impostos e da Tarifa Açores como conquistas, ignorando que o PS não se opõe a essas medidas e que o Governo mantém altos os impostos sobre combustíveis para compensar a perda de receita e paga tardiamente à SATA pelo custo da tarifa. A dicotomia é clara: se as coisas correrem bem, a responsabilidade é sua; se correrem mal, a culpa é de 24 anos de governação socialista ou de António Costa.
Desconectado da vida das pessoas, o Presidente do Governo parece desconhecer a realidade. O custo de vida disparou, as rendas e prestações habitacionais estão proibitivas, e os açorianos enfrentam dificuldades com a educação universitária. A pobreza já afeta cerca de 1/4 da população, com 9% lidando com problemas de consumo de álcool e drogas.
Inverídico, o Presidente do Governo continua a afirmar que trouxe as creches gratuitas para os Açores, quando sabemos que essa decisão é de origem nacional, financiada pelo Governo de António Costa.
Por tudo isto, não estamos, nem podemos nunca estar, satisfeitos. Aliás, só um Governo insensível estaria. Este não é o caminho que devemos seguir. Trabalhemos para construir um outro, porque os Açores precisam de Um Novo Futuro. Boas Festas!