A terra voltou a tremer e uma vez mais, por breves segundos, fomos confrontados com a fragilidade da nossa vida, as debilidades das nossas habitações e a angustiante incerteza quanto à continuidade da nossa comunidade, como tal, se aquele terramoto durasse mais uns segundos ou se houvesse outro de maior intensidade.
Tivemos medo e não há nada mais humano do que o medo desta natureza que não é idílica, mas aterrorizante.
No entanto, é do medo que surge a coragem, um impulso para superar aquilo que nos paralisa porque conscientes do perigo. A coragem não corresponde à ausência de medo, a coragem é manifestação da sua superação.
O sismo que abalou a nossa consciência fez igualmente cair por terra a ideia de que existe um caminho alternativo entre a Serreta e o Raminho que em caso de catástrofe garantirá a efetiva evacuação da população residente em Santa Bárbara, Doze Ribeiras e Serreta.
No domingo, após os sismos, o dito caminho alternativo esteve intransitável durante várias horas, ou seja, após os abalos nem via principal nem a sua alternativa e não fosse a proatividade do Presidente da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo e dos particulares e muito mais horas haviam de passar até que o Governo Regional, em especial, o Secretário Regional da Agricultura, António Ventura, tivesse feito alguma coisa para resolver a situação no caminho florestal pelo qual é, sublinhe-se, responsável.
É revoltante perceber que estivemos, estamos, e pelos vistos vamos estar entregues à nossa sorte, e como a sorte protege os audazes convém que continuemos a ter na Câmara Municipal os verdadeiramente audazes, aqueles que para resolver o problema da população não andam a ver se o caminho é municipal ou florestal, aqueles que transformam o medo em coragem e vão para o terreno e não quem apesar de ter a obrigação e os meios financeiros e operacionais, se escondeu atrás dos particulares para justificar, dois dias depois, nada ter feito.
Tal como o caminho alternativo, alternativa, o tanas, por isso, fiquemo-nos pelos audazes.