Opinião

Esperança, futuro e incerteza

I
A liderança do Grupo dos Socialistas e Democratas no Parlamento Europeu promoveu esta semana uma reflexão sobre as prioridades para a Europa, num contexto de grande adversidade geopolítica e de descarada afronta das forças populistas, nacionalistas e antieuropeístas à democracia europeia.
As nossas prioridades e a ação a seguir, no Parlamento Europeu e em toda a União, são claras:
Proteger as pessoas, o Estado de direito e a nossa democracia, porque sem estes três pilares estaremos subjugados à oligarquia tecnológica e à lei do mais forte.
Promover o nosso modelo sócio-ecológico de desenvolvimento e o Emprego. Não podemos abandonar a nossa ambição ecológica, mas temos de ter uma UE assente em empregos de qualidade com salários justos e a criação de uma sociedade de bem-estar, justa e equilibrada nas diferentes fases da vida; e
Investir, investir, investir! A Europa não pode fazer mais com menos. Precisamos de um orçamento da UE mais forte e com capacidade permanente de investir em bens públicos, promovendo a indispensável justiça fiscal para uma adequada redistribuição da riqueza.
 
II
A Comissão Europeia acaba de apresentar a "Bússola para a Competitividade" que será a "estrela guia" da condução das reformas na UE nos próximos anos para promover uma nova era de crescimento económico e alcançar uma posição de liderança no contexto internacional.
Lê-la é perceber a encruzilhada em que a UE se encontra: diante dos seus cidadãos e do modelo de bem-estar e desenvolvimento económico e social a que nos habituamos, face aos seus parceiros/rivais internacionais e perante a dimensão das reformas e o ritmo a que as teremos de empreender para ser bem-sucedidos.
Serve, também por isso para um alerta precoce para nós, nos Açores. Por um lado, porque não é uma estratégia "desenhada" tendo em particular atenção as regiões pequenas e distantes, com um modelo de especialização económica assente nos setores tradicionais. Teremos, por isso, que acompanhar o desenrolar das próximas etapas do processo e vincar os nossos interesses, exigindo também uma defesa atenta pelo nosso Estado Membro desses objetivos.
Por outro, há que acelerar os mecanismos de capacitação do nosso tecido económico, empresarial, industrial e do nosso capital humano para alinhá-los também com esta modificação do futuro perfil económico da UE.
A educação, a formação, a boa execução dos fundos ao nosso dispor, a aposta na mobilidade elétrica, no mar, na ciência, na inovação, são exigências ainda maiores se não quisermos ficar "perdidos" neste novo mapa europeu. 
 
III
Ainda o POSEI e, no caso, os apoios comunitários em falta às conserveiras e a incapacidade do Governo Regional de cumprir os pagamentos adicionais por dificuldades de tesouraria.
Uma vez mais, e como é já norma em quase todos os domínios da vida na Região, o executivo regional não paga o que deve e depois tenta justificar o injustificável.
Importa recordar que, no caso destes apoios, o Governo não só está atrasado em 4 anos com a dispensa de verbas que são alocadas pela UE a este fim, como reconhece agora que já nem a sua parte consegue cumprir! Este que foi o Governo que tomou a decisão de fazer um corte abrupto entre Quadros Comunitários, estrangulando assim o financiamento da economia privada açoriana!
A principal função de um governo é honrar a sua palavra. Se essa não tem valor, então o próprio governo também não serve.
 
IV
É difícil acompanhar o conjunto de declarações que o novo presidente dos EUA produz num dia normal de trabalho. Mas as declarações de Trump sobre a "ocupação de Gaza" são de uma gravidade extrema.
Também aqui temos de recordar aos nossos parceiros americanos que a Palestina já existia como terra dos palestinianos muito antes dos EUA existirem e que o Presidente dos EUA não pode agir como um promotor imobiliário mundial que possa por e dispor de séculos de história, sofrimento e do desejo de um povo de, tal como os israelitas, ter o seu Estado e com o respeito que lhe é devido à luz do Direito Internacional.