Texto integral da intervenção do presidente do Governo Regional dos Açores, Carlos César, ao fim da tarde de hoje, no acto público de assinatura do contrato de adjudicação das obras de recuperação e adaptação do recolhimento de Santa Bárbara a Núcleo do Museu Carlos Machado, de Ponta Delgada:
“Com a assinatura do contrato, que acabámos de presenciar, têm início as obras, há muito esperadas, de reabilitação e adaptação do Recolhimento de Santa Bárbara a extensão do Museu Carlos Machado.
Trata-se de um investimento do Governo Regional, através da Direcção Regional da Cultura, superior a 2,6 milhões de euros, cuja execução tem um prazo máximo de 24 meses, e que já beneficia dos financiamentos europeus a afectar aos Açores no período 2007/2013 – razão pela qual só agora o pudemos iniciar.
Dentro de dois anos, pois, a cidade de Ponta Delgada contará com mais um elemento do seu património arquitectónico e histórico completamente rejuvenescido e o Museu Carlos Machado, cujo edifício principal será objecto igualmente de uma grande intervenção, passará a dispor de mais um espaço de qualidade, e praticamente contíguo, para a expansão das funções e actividades que lhe são próprias.
Assinale-se, também, que já foi concretizada a aquisição dos edifícios industriais e de apoio da antiga Fábrica de Tabaco da Ribeira Grande, onde, de acordo com a decisão já tomada pelo Governo e com as orientações já transmitidas à direcção do Museu Carlos Machado, será desenvolvido um projecto que terá como base um centro logístico e de exposições de artes contemporâneas que assumirá prioridade no investimento governamental com a adjudicação no próximo ano do respectivo projecto técnico.
O Recolhimento de Santa Bárbara é um exemplar representativo da arquitectura religiosa micaelense, sendo uma das mais antigas edificações do século XVII a chegar até aos dias de hoje, mantendo muito da sua estrutura e do seu traçado originais. O seu valor intrínseco e o dever colectivo de preservação do património e da memória são razões que justificam uma intervenção que concilia a adequação das actuais exigências da museologia e a manutenção da identidade do imóvel.
Tenho, assim, uma grande satisfação, enquanto Presidente do Governo, em devolver vida a este espaço, o qual, tal como a Igreja do Colégio aqui vizinha, se encontrava há muito arruinado e abandonado.
O actual edifício, todavia, apesar da sua degradação, resistiu em parte ao atravessar dos tempos, passando embora por sucessivas alterações e ampliações facilmente detectáveis na construção que evidencia as correspondentes épocas históricas.
O imóvel é constituído, como se sabe, por três grandes núcleos, ligados entre si por pequenos corpos ou muros altos que lhe conferem o carácter de recolhimento. O Recolhimento manteve as suas funções sócio-religiosas até 3 de Agosto de 1985, altura em que foram transferidas para o então novo Lar da Levada as últimas pessoas que nele viviam.
O projecto que agora se preconiza, apesar de, como é evidente, não manter o seu propósito inicial, e alterar também aspectos do respectivo discurso arquitectónico, irá desenvolver uma nova função. Nesta extensão do Museu irão funcionar valências diversas, através dos seus espaços expositivos, de um centro de documentação e do serviço educativo. Um lugar que se adivinha dinâmico, criativo, de abertura a diálogos e confrontos conceptuais. Será local de envolvimentos e de cidadania participativa. É assim que todos o desejamos – como mais um factor de enriquecimento, não só do património edificado mas também da criação e da fruição culturais nos Açores.
É, aliás, com esse objectivo que temos vindo a reforçar significativamente os recursos financeiros do plano regional anual de investimentos do Governo destinados à defesa e valorização do património arquitectónico e cultural, os quais, no próximo ano, voltarão a ter um aumento expressivo.
Por isso, projectos e obras como os que já referi no âmbito do Museu Carlos Machado e outros como a construção das bibliotecas e arquivos da Horta e de Angra do Heroísmo, da biblioteca de Santa Cruz das Flores e de vultuosas reparações na biblioteca e arquivo de Ponta Delgada, as obras no Museu de Angra e de ampliação e requalificação do da Graciosa e do Museu dos Baleeiros, os projectos para as futuras instalações culturais da Casa Manuel Arriaga no Faial, do Antigo Hospital da Boa Nova na Terceira ou do Espaço Cultural Multiusos do Corvo, ou ainda, as obras de conservação e restauro de exemplares simbólicos do património público edificado como os Palácios de Santana, dos Capitães Generais e da Conceição, ou, por fim, do património religioso afectado pelo terramoto de 1998 – todos esses projectos e obras, dizia – conhecerão um grande desenvolvimento no decurso do próximo ano.
Trata-se, assim, de um conjunto de desafios que exigirá, quer dos responsáveis máximos da Direcção Regional da Cultura quer dos gestores das instituições culturais públicas envolvidas, um dinamismo, uma prontidão e uma capacidade de realização acrescidos.
Estamos, pois, como deve ser nosso timbre, convocados para fazer mais e para fazer melhor.
Muito obrigado.”
GaCS/JSF