A presidente do PSD/Açores esteve hoje no melhor do seu pior e não conseguiu esconder o que verdadeiramente é. Mostrou a arrogância própria de quem tem mau ganhar, na sequência da vitória que o PSD obteve nas eleições para o Parlamento Europeu.
O PS/Açores percebe esse comportamento arrogante. É próprio de uma dirigente partidária que precisava, como de pão para boca, de uma vitória para justificar a sua liderança, na ausência de um projecto político, nem que fosse à sombra de um acto eleitoral que registou quase 80 por cento da abstenção.
O PS/Açores aconselha a presidente do PSD a ter calma.
Os açorianos já se habituaram, desde 1996, a ouvir seis presidentes do PSD/Açores, antes da drª Berta Cabral, a anunciar uma suposta mudança nos Açores e a cantar vitórias futuras.
A diferença é que os açorianos nunca tinham ouvido desta forma arrogante quase sem limites, apesar do PSD/Açores ter tido o pior resultado, em número de votos, desde que se vota nos Açores para o Parlamento Europeu.
O PS/Açores já perdeu e ganhou eleições, o que lhe granjeou um capital político de um partido com a humildade democrática própria de quem confere aos açorianos o direito de escolher os seus representantes.
A mesma humildade que parece faltar à presidente do PSD/Açores, mas só e apenas nos Açores.
Quando as questões são de âmbito nacional, a presidente do PSD/Açores torna-se cordeiro, baixa a cabeça, acata todas as decisões de Ferreira Leite, num silêncio subalterno e submisso, como ficou provado no recente processo de escolha da candidata do PSD/Açores às eleições europeias.
Ou como viram todos os açorianos, quando o agora deputado europeu social-democrata, Paulo Rangel, foi um dos rostos de um processo que impediu que os Açores tivessem um Estatuto Político-Administrativo aprovado por unanimidade na Assembleia da República.
É preciso ter lata para garantir, agora, que Ferreira Leite não pretenderia mexer na Lei de Finanças Regionais, caso vencesse as legislativas nacionais, quando nem sequer internamente se consegue garantir o que é devido aos Açores.
O PSD/Açores reclama ser o Partido da Autonomia. Curiosa afirmação de um partido liderado por Ferreira Leite, que pediu a fiscalização do nosso Estatuto, e que pretende que deva ser o Governo da República a gerir as nossas verbas.
Só assim se percebe a proposta de incluir o financiamento da Universidade e da RTP/Açores no âmbito da Lei de Finanças Regionais.
O PSD nacional não ouve nem quer ouvir o que a presidente do PSD/Açores tem a dizer. A falta de influência nacional é notória e seria catastrófica para os Açores, na eventualidade do PSD chegar ao Governo na República.
O PS/Açores aconselha a presidente do PSD/Açores a ter calma.
A presidente do PSD/Açores fala mais do líder do PS/Açores do que os socialistas todos juntos falam dela.
Útil era que, no intervalo, apresentasse uma única ideia de um projecto para os Açores, que não passasse por descerramento de placas toponímicas, sessões de aberturas de iniciativas de terceiros e visitas a instituições.
Útil era que a líder do PSD também esclarecesse com o presidente do seu Grupo Parlamentar algumas ideias políticas.
Ainda ontem vimos o líder parlamentar social-democrata rotular de ideia peregrina a proposta de instituição do voto obrigatório, avançada com o único objectivo de suscitar o debate político sobre a matéria.
Poucas horas depois, a presidente do PSD/Açores não descartou esta medida, apesar de defender outras, como a limitação de mandatos, já em aplicação por proposta do PS/Açores.
Para uns, é uma ideia peregrina, para outros é uma medida a analisar.
E, no meio desta confusão, nem uma única palavra para a abstenção de quase 80 por cento que se verificou a 07 deste mês nos Açores.
O PS/Açores reafirma que a abstenção é responsabilidade de todos os partidos e agentes políticos, que devem, activamente, passar ao debate de medidas concretas que permitam reduzir este fenómeno, aumentando a qualidade da nossa democracia.
É neste desafio que se deve entender a recente proposta para debate da aplicação do voto obrigatório. É uma forma de colocar os políticos açorianos a debaterem a abstenção.
Todos parecem interessados neste debate, com excepção do PSD/Açores.
Como em quase tudo, é um partido que anda conforme as circunstâncias.
Senão vejamos: logo a seguir às regionais de 2008, uma dirigente do PSD escrevia que a abstenção de então – cerca de 50 por cento – tinha o seguinte resultado: “Ninguém sai legitimado desta eleição”.
Passados alguns meses, o mesmo PSD desvaloriza a abstenção e tentar salientar uma vitória, é certo, mas numas eleições em que apenas dois em cada 10 eleitores foram às urnas.
O PS/Açores aconselha calma e prudência ao PSD/Açores.
Só com essa calma pode começar a trabalhar para apresentar alguma ideia, uma que seja, em prol dos Açores.