O presidente do PS/Açores defendeu segunda-feira à noite, em Angra do Heroísmo, um “mandato claro” para o Partido Socialista, em resultado das eleições legislativas nacionais do próximo domingo, para superar a crise e construir o futuro de Portugal.
Carlos César, que falava num jantar-comício que contou com a presença de José Sócrates, candidato do PS a um novo mandato como primeiro-ministro, disse que no contexto da saída da crise “serão sempre necessários acordos parlamentares, quer haja maioria ou não”. No entanto, acrescentou, “é necessário que quem ganhar tenha um mandato claro, para não ser obrigado a governar com a política de quem perder”.
Sobre o voto dos açorianos, Carlos César sublinhou que não é preciso “inventar nada” para convencer os açorianos, uma vez que José Sócrates “provou ser um grande amigo dos Açores” em diversas situações.
Como exemplos, o líder dos socialistas açorianos referiu o apoio do primeiro-ministro, “sem vacilar”, na defesa de mais competências para a Autonomia, a defesa que, “atento e preocupado”, protagonizou de “mais apoios para os Açores na União Europeia e dos nossos interesses no Conselho Europeu”, e a forma como, “mais uma vez corajoso e solidário”, alterou a Lei das Finanças das Regiões Autónomas, proporcionando mais recursos para os Açores, “reconhecendo os maiores sobrecustos da nossa Região em relação à Madeira, e reconhecendo que não se faz justiça tratando da mesma forma realidades diferentes”.
Por tudo isso, salientou, “queremos ser justos perante quem foi justo connosco e José Sócrates e o PS fizeram por merecer e merecem o voto dos açorianos que colocam os Açores em primeiro lugar”.
Carlos César vincou ainda que, nestas eleições, há duas circunstâncias fulcrais que unem os açorianos à volta do Partido Socialista: “não queremos que ganhe quem nos quer fazer perder e queremos que ganhe quem nos tem ajudado a vencer”.
Sobre o aprofundamento da autonomia, lembrou o pensamento de Antero de Quental, de que “nós, o PS/Açores, somos herdeiros”, advogando o “federar vontades, organizações, espaços”, porque, acrescentou, “é assim que nós, açorianos, somos: livremente solidários”.
Carlos César recordou, ainda, a oposição do PSD e de Manuela Ferreira Leite à revisão benéfica do Estatuto dos Açores, em contraste total com o “apoio determinado e inequívoco de José Sócrates e do PS”.
Perante mais de 1.300 pessoas que esgotaram a capacidade do amplo salão do Clube Musical Angrense, o líder socialista açoriano falou ainda do caso específico da agricultura, área em que José Sócrates apoiou sempre os interesses dos produtores açorianos, nomeadamente resolvendo o problema das multas por excesso de produção, que o anterior Governo ignorou, o reforço conseguido, por acção pessoal do primeiro-ministro socialista, do programa PRORURAL, “quando se perspectivava o contrário”, e a atribuição aos lavradores açorianos de 23 toneladas (60%) das 38 de aumento de quota leiteira atribuído pela União Europeia a Portugal, “entre muitos outros casos”.
Sobre as “razões de nível nacional” para os açorianos votarem PS e José Sócrates, Carlos César destacou as reformas empreendidas pelo actual Governo da República e a consolidação das finanças públicas, nos primeiros anos do mandato, que permitiram enfrentar a crise internacional que depois eclodiu dando “margem para socorrer, como tem sido feito, as empresas e as famílias em situação difícil”.
Se não fosse “o sucesso das políticas dos dois primeiros anos”, sublinhou o presidente do PS/Açores, “ou o País entraria em colapso, como já aconteceu com outros, ou pura e simplesmente nada se faria para ajudar as pessoas e animar a economia e o País aqui está, com os índices de confiança a subir, e fez-se já muito, graças ao bom governo do Partido Socialista”.
Carlos César salientou ainda a aposta do Governo liderado por José Sócrates nas politicas de qualificação, “aplicando o Plano Tecnológico, reformulando a relação entre a ciência, a tecnologia e os processos educativos, em que o Magalhães foi até apenas um dos instrumentos mais simbólicos”.
Outras medidas que o líder dos socialistas açorianos considerou de grande alcance prendem-se com a saúde, nomeadamente nos casos da politica do medicamento e da progressão dos genéricos, na energia, com investimento nas renováveis “sem paralelo na Europa”, na simplificação e modernização dos processos administrativos e licenciamento das actividades económicas e na segurança social, “garantindo futuro das pensões e reformas “que estavam comprometidas pela acção e omissão dos governos do PSD”.
A concluir, Carlos César disse que em Portugal, “desde Camões, pelo menos, que temos de lutar contra os cínicos e os cépticos”, acrescentando que “agora tivemos e temos, também, de lutar contra os retrógrados”, no caso, contra “as retrógradas”.
José Sócrates diz que a Autonomia dos Açores é exemplar
O líder do Partido Socialista disse segunda-feira à noite, no comício realizado em Angra do Heroísmo, que a Autonomia dos Açores é o melhor exemplo de uma Autonomia responsável.
“Não há melhor exemplo de uma Autonomia responsável do que aquela que se vive aqui nos Açores, com este Governo Regional e com Carlos César como presidente”, precisou José Sócrates.
O líder socialista considerou, por outro lado, que a Autonomia é “um factor de coesão, justiça e prosperidade” nacionais: “a unidade da Pátria portuguesa constrói-se com a Autonomia”, sublinhou.
José Sócrates disse também que esteve “ao lado dos Açores” aquando da aprovação do Estatuto Político-Admninistrativo porque “sempre o considerei de interesse geral do País”.
Por outro lado, acrescentou, “também estive ao lado dos Açores quando aprovamos a Lei das Finanças Regionais porque a considero uma lei mais justa e também do interesse de todos os portugueses”.
Neste caso, salientou, “aqueles que olham sem sectarismo, sem fanatismo, sem partidarites” para o que estava em questão, “podem comprovar que essa lei é justa”, pela realidade geográfica açoriana: “os Açores têm nove ilhas, nove aeroportos, nove sistemas autónomos de energia”, e por isso têm que ser tratados de modo diferente, “pela simples razão de terem muito mais despesa na sua administração”.
Por tudo isso e pelas medidas tomadas a nível nacional, para desenvolver e modernizar o País e para responder à crise internacional, José Sócrates disse contar com o apoio dos açorianos nas eleições do próximo dia 27.