Milhares de pessoas, que tornaram pequeno o Pinhal da Paz – naquela que foi mais uma tradicional Festa do PS/Açores – ouviram Carlos César tecer fortes críticas aos partidos da oposição na Assembleia da República, aos quais acusou de estarem continuamente a desfeitear o governo eleito e a desrespeitar o povo que o elegeu.
“Agindo dessa forma, a oposição, complicando a vida ao Governo, complica a vida a todos nós; atrasando as medidas que são precisas, atrasa a recuperação do país e a retoma da economia e do emprego; tentando fazer mal ao Governo, faz, afinal, mal sobretudo aos portugueses”, afirmou, acrescentando que “não é para isso que serve a oposição e mal estão os que o fazem permanentemente, como acontece com o PSD a nível nacional.”
Apelando a que “não atrapalhem mais a esperança dos portugueses e não nos prejudiquem mais nos Açores”, o Presidente do PS/Açores exigiu que “deixem o Governo da República governar, deixem o país progredir, deixem o país trabalhar.”
Numa referência específica às inaceitáveis propostas de revisão da Constituição apresentadas pelo PSD – uma consequência do que classificou de “imaturidades do novo líder nacional do PSD” –, Carlos César referiu os principais inconvenientes dessas propostas e que, no essencial, prejudicariam gravemente o carácter tendencialmente gratuito do sistema de saúde, esvaziaria o papel preponderante da rede escolar pública e liberalizaria os despedimentos.
“Um partido que propõe tais coisas não pode ser um partido do povo, daquele povo que precisa de protecção e de apoio. Só pode ser um partido das pessoas que não precisam, nem querem saber de quem precisa do apoio do estado e dos governos”, disse.
Assegurando que, a haver revisão constitucional, o PS/Açores lutará em defesa dos Açores, voltando a propor a ampliação das competências regionais, pugnando por que fique na Constituição “o que Cavaco não quis que ficasse na revisão do Estatuto” e defendendo “a extinção de um cargo que já não tem sentido, que é o actual cargo de Representante da República para as regiões autónomas.”
Com essa atitude, assegurou, “mostraremos, afinal, aquilo que os açorianos já perceberam, mostraremos aquilo que o PSD-Açores já não é e demonstraremos aquilo que hoje nós já somos: o PS, o partido campeão da autonomia.”.
O Presidente do PS/Açores não poupou, também, críticas a quantos não gerem, com rigor e responsabilidade, os dinheiros públicos, a fim de se evitarem situações de quase falência e “para não ficarmos, nos Açores, com uma mão à frente e outra atrás, como ficámos há cartorze anos, com o governo velho do PSD, em que era justamente secretária regional das Finanças a actual líder do PSD, Berta Cabral, que nos deixou, em 1996, a região à beira da falência.”
O mesmo, frisou, serve para as autarquias, que não devem gastar dinheiro que não têm e em viagens que não servem para nada ou em festas que não promovem a região no exterior.
“Saem trinta segundos na RTP. Não saem, como nas Sete Maravilhas de Portugal, horas em todos os países pelo mundo fora”, acentuou Carlos César, para logo acrescentar que “não se pode permitir que essas câmaras municipais, como a de Ponta Delgada, que gastam dinheiro ao desbarato, ao mesmo tempo deixem de pagar a pequenos empreiteiros, deixem de pagar aos seus fornecedores, compliquem a vida das empresas, provocando despedimentos e salários em atraso em muitas delas.”
Realçando que “temos de gerir e governar com competência”, a fim de os Açores prosseguirem o seu rumo de desenvolvimento e progresso, Carlos César afirmou que é bom que se continue a trazer para o Governo gente nova, com novas ideias, como tem acontecido.
“Hoje de manhã a líder do PSD dizia que eram precisos novos protagonistas na política regional. Só se é para nós rirmos. Novos protagonistas? Quando eu cheguei ao Governo, já ela era um velho protagonista do anterior e velho Governo. Quais novos protagonistas?!
Também as eleições para a Presidência da República ocuparam parte importante da intervenção do Presidente do PS/Açores, não só instando todos os açorianos, socialistas ou não, a apoiarem Manuel Alegre, como criticando a actuação de Cavaco Silva no que qualificou de “mau mandato” do actual detentor do cargo.
Frisando que os Açores precisam de solidariedade – que o Governo da República tem manifestado, mas a Presidência da República não –, Carlos César elogiou a atitude de Manuel Alegre de lançar a sua candidatura na região.
“É o Presidente que quis dizer que escolhe os portugueses do país real, e não a opinião política do Terreiro do Paço, como os verdadeiros promotores da confiança e do desenvolvimento sustentável e solidário do nosso país”, justificou.
Ao longo do seu muito aplaudido discurso, o Presidente do PS/Açores abordou também a situação económico-social da região, reiterando as intenções governamentais de combater, sem descanso, os efeitos da crise nas empresas e nas famílias – o que tem sido feito com um sucesso que leva os Açores a uma situação bem melhor do que outras regiões do país e do mundo –, mas advertindo, também, que o Governo ajudará quem merecer ser ajudado, isto é, quem também trabalhar, quem fizer a sua própria parte num esforço que a todos envolve.