O líder parlamentar do PS/Açores acusou, esta segunda-feira, a oposição na Assembleia da República de ser responsável pela entrada do FMI em Portugal, que vai implementar agora medidas de austeridade muito mais duras do que as previstas no PEC IV.
“O chamado PEC IV, que toda a oposição rejeitou em bloco por ser duro de mais para os portugueses, vai ser agora, por culpa exclusiva desta oposição, o ponto de partida para um pacote de austeridade muito mais duro, com consequências muito mais nefastas para as empresas e famílias portuguesas”, lamentou Berto Messias.
Numa declaração política sobre a situação nacional e depois de reconhecer que o Governo da República cometeu “alguns erros que não escamoteamos nem escondemos”, o deputado do PS/Açores salientou que 23 de Março de 2011 - dia do “chumbo” do PEC na Assembleia da República - “ficará para a história como o dia em que a oposição trocou Portugal pelos seus interesses partidários”.
“A todos os apelos ao diálogo e à negociação, o PSD de Passos Coelho respondeu com uma ânsia cega de derrubar um Governo que estava a dar tudo por tudo para defender o país de uma intervenção gravosa do exterior”, lamentou o Presidente do Grupo Parlamentar do PS/Açores.
No primeiro dia do plenário de Abril, Berto Messias criticou, ainda, a postura do PCP e Bloco de Esquerda, dois partidos que, nem nos momentos em que se exige um compromisso nacional, “são capazes de evoluir de um radicalismo serôdio e ultrapassar dogmas estagnados no tempo, na forma e, acima de tudo, no conteúdo”.
Perante os deputados açorianos, o líder parlamentar socialista adiantou também que os factos provam que, ao mesmo tempo que José Sócrates apelava ao diálogo e dava o melhor do seu esforço para um acordo histórico na Europa, Passos “Coelho fazia contas às sondagens do PSD e derrubava o Governo democraticamente eleito há apenas um ano e meio”.
“Os portugueses têm de saber que o comportamento irresponsável do PSD vai gerar mais austeridade. Os portugueses têm de saber que o comportamento negligente do PSD vai levar a mais recessão e mais desemprego. Os portugueses têm de saber que o comportamento desleixado do PSD vai resultar em menos protecção social”, alertou Berto Messias.
Na sua declaração política, o parlamentar socialista lembrou, ainda, que o PSD sabia, aquando do acordo estabelecido no Orçamento de Estado para 2011, que o PEC de então poderia ser alvo de actualizações.
Perante isso, “o que se conhece deste PSD de Pedro Passos Coelho é uma sucessão de contradições e incongruências e um projecto político que abala os mais básicos pilares do Estado Social que devemos defender sem reservas”, disse Berto Messias.
Lançou, também, o repto para que Berta Cabral se entenda com Passos Coelho, já que o PSD nacional já anunciou a intenção de proceder à privatização da RTP/Açores, na mesma altura em que o Grupo Parlamentar do PSD/Açores apresentava uma resolução a dizer que devia ser o Estado a continuar a suportar a RTP/Açores.
Berto Messias lembrou, a propósito, que o PS/Açores continua a aguardar as respostas às perguntas que tem, sistematicamente, colocado ao PSD/Açores, para as quais nunca obteve resposta.
“O que tem o PSD/Açores a dizer do manual de governação de Pedro Passos Coelho que quer privatizar serviços públicos, acabar com a progressividade de alguns impostos, liberalizar os despedimentos, acabar com serviços públicos como a saúde e como a educação ou privatizar a RTP?”, questionou Berto Messias.
A concluir, Berto Messias assegurou que os açorianos podem continuar a confiar no PS Açores, independentemente do que aconteça nas eleições de dia 5 de Junho.
“Continuaremos determinados e empenhados em defender os mais desfavorecidos, em apoiar os desempregados, em defender as famílias e as empresas açorianas e em continuar a amenizar os impactos desta crise agora agravada”, garantiu o líder parlamentar socialista.