A Comissão Política Regional do PSD/A reuniu ontem para aprovar a lista de candidatos à Assembleia da República pelo círculo eleitoral dos Açores. Das declarações que se seguiram por parte da sua líder resultam dois factos. Um inacreditável. Outro inaceitável.
O primeiro resulta do auto-embaraço de ter apresentado uma lista altamente contestada internamente, amarrada aos mesmos de sempre, a velhas glórias cujo passado arrasta um insuportável cheiro a naftalina.
O segundo a indisfarçável dificuldade com que quis justificar uma renovação da lista do PSD/A que ela própria foi incapaz de fazer, por comparação com a do Partido Socialista.
Berta Cabral apresentou entre a espuma da discórdia uma lista reciclada. Que recupera os indefectíveis e avança com os mesmos de sempre. O PSD dos Açores promete o que não tem para dar. Sem ganas, sem aura, e sem chama.
Mota Amaral, Joaquim Ponte e Lídia Bulcão, candidatos em lugares elegíveis, são exactamente os mesmos candidatos apresentados nas últimas eleições.
Com esta lista Berta Cabral apressou-se a falar de renovação por comparação com a lista apresentada pelo PS/Açores. Qualquer comparação é puro devaneio, já que na lista apresentada pelo PS/A em 10 lugares apenas o cabeça de lista se mantêm o mesmo, e todos os outros candidatos são novidades absolutas, em que a percentagem de mulheres ascende aos 60%,em que a média de idades se situa nos 42 anos e em que a presença de jovens é notória, sendo o 3º lugar da lista uma candidata apoiada pela JS.
Se considerarmos toda a lista, o PS/Açores apresenta uma renovação de 90% e o PSD/A de 60%, se considerarmos apenas os lugares elegíveis o PS/A apresenta uma renovação de 90% e o PSD/A de 0%.
Já todos percebemos que Berta Cabral apresentou a lista possível. Construída pela imposição de alguns e sem qualquer capacidade de renovação, na qual pontificam sempre as mesmas presenças, como se de cargos vitalícios se tratassem.
Só isso explica que Berta Cabral se tenha apressado a falar mais de Passos Coelho e menos de Mota Amaral. E tenha frisado que se trata de eleger um novo governo e não a lista de candidatos à Assembleia da República que agora envergonhadamente apresenta.
Percebemos o embaraço. Que justifica a aflição em explicar o inexplicável. Em comparar o incomparável, e em falar duma renovação que nem a própria líder do PSD consegue explicar. E na qual a própria Berta Cabral não acredita. Diz por isso, como se tivesse sustentação, que “a novidade está do lado do PSD”, como se fosse possível falar de novidade quando o cabeça de lista é o mesmo há mais de 25 anos, desde o tempo em que era presidente do Governo e já ocupava o 1º lugar das listas à Assembleia da República. E fala de mudança quando o 2º candidato é deputado na Assembleia da República desde 1999. É desta novidade e capacidade de renovação que a líder do PSD se vangloria? Ficam os açorianos esclarecidos sobre a capacidade de renovação do PSD de que os próprios não estão ainda convencidos. Só isso explica que se anuncie uma lista que se quer depois esconder.
As eleições de 5 de Junho escolhem quem governará Portugal com o FMI e quem o poderá fazer de forma mais sustentada. Na defesa dos Açores e na certeza de que os interesses da Região estarão sempre à frente dos interesses partidários. O PS/Açores tem um vasto património de defesa da Região independentemente de quem governe na República. Defendemos os Açores com António Guterres, com Durão Barroso, com Santana Lopes, e com José Sócrates. Somos hoje o verdadeiro partido dos Açores. Aquele que é capaz de em qualquer circunstância perceber o que é essencial. E o que é verdadeiramente essencial para nós é a defesa dos interesses dos Açores.