O líder parlamentar do PS/Açores afirmou, esta terça-feira, que o PSD encara o memorando de entendimento da troika como o “limite mínimo” de sacrifícios a exigir aos portugueses, mas considerou que o novo Governo “tem toda a legitimidade” para começar a trabalhar.
“Para o Partido Socialista, o memorando da troika era o limite máximo de sacrifícios que tinham de ser pedidos aos portugueses. Para o PSD, o memorando de entendimento é, afinal, o limite mínimo dos sacríficos que vai pedir aos portugueses”, disse Berto Messias.
No debate sobre o Programa de Governo da coligação PSD/CDS, o Presidente da bancada socialista salientou que esta questão de princípio é um “dado político de enorme relevância”, tendo em conta as declarações de Pedro Passos Coelho e de dirigentes do PSD, que faziam manchetes de jornais, de que “não se podiam pedir mais sacríficos aos portugueses, sendo mesmo o principal argumento para derrubar o Governo de José Sócrates”.
“Estão dados são sinais muito concretos nas linhas orientadores deste Governo que nos causam algumas preocupações”, alertou Berto Messias, para quem é, porém, preciso “esperar para ver” como vai ser a actuação governamental de Pedro Passos Coelho e Paulo Portas.
“É justo dizer que o Governo está em funções, depois da vitória nas eleições e de ter visto aprovado, na Assembleia da República, o seu programa e tem, agora, toda a legitimidade para começar a trabalhar”, afirmou o deputado do PS/Açores.
Perante isso, é “justo que deixemos que o Governo desenvolva a sua actuação nestes primeiros meses, até porque o programa do Governo tem muitas questões vagas, com ideias e medidas em que não está definida a forma como serão implementadas”, lembrou Berto Messias, para quem este é o Primeiro Programa de Governo “verdadeiramente de Direita em Portugal”.
“Depois do choque fiscal de Durão Barroso e do choque tecnológico de José Sócrates, temos agora o choque ultraliberal de Passos Coelho, com uma agenda privatizadora intensa que abala princípios de serviço público”, concluiu.
Segundo Messias “Estaremos, sobretudo, preocupados em defender os Açores e os açorianos, e em apresentar, se for necessário, uma agenda compensatória que permita compensar os açorianos das dificuldades em que vivemos hoje, tendo em conta a crise financeira que Portugal atravessa actualmente”, afirmou o Líder Parlamentar do PS Açores.
Já em resposta a uma declaração política do PSD, Berto Messias assegurou que o Governo Regional sempre esteve disponível para trabalhar com o Governo da República, independentemente do partido que liderasse o executivo, e foi assim sempre com vários primeiros-ministros do PSD e do PS.
“O PSD não é o partido da defesa dos Açores. Qualquer partido, nesta casa, tem defendido mais os Açores do que a bancada do PSD de Berta Cabral”, afirmou Berto Messias, ao lembrar os “episódios e os atropelos” da remuneração compensatória e nos processos de aprovação do novo Estatuto Político-Administrativo e da Lei Eleitoral.
“Apesar do vosso empenho em reescrever a história, o PSD de hoje é uma miragem do que já foi ao nível da defesa dos Açores e os açorianos sabem que não é possível contar com o PSD para esta defesa, como se vai constatar nos próximos meses”, concluiu.