O Vice-Presidente do Grupo Parlamentar do PS/Açores, Miguel Costa, acusou, esta quarta-feira, o Governo da República de ser o responsável “pela maior fissura social da democracia portuguesa. Uma fissura, aliás que, para além de provocar um retrocesso económico e social sem precedentes, representa também o maior atentado à coesão intergeracional de que há memória no Portugal democrático”.
Na declaração política que realizou na Assembleia Legislativa dos Açores, Costa considerou que o Governo do PSD e do CDS/PP é “o campeão da desresponsabilização e do abandono das competências do Estado na Região”, não tendo, por isso sentido de Estado para servir os interesses do País.
Apelando à união dos agentes políticos para defender os Açores e a autonomia, o Vice-Presidente da bancada socialista no parlamento açoriano elencou as várias diferenças que separam a governação dos Açores daquela que é feita no resto do País. “Nos Açores, desde o primeiro momento, o Governo do PS elegeu como principal prioridade a proteção e o fomento da empregabilidade. É por isso que, em contraciclo, o Governo Regional nos primeiros dois meses de mandato apresentou a Agenda Açoriana para a Criação de Emprego e Competitividade Empresarial. Das mais de 60 medidas previstas, 57% já se encontram em execução ou executadas. Em apenas 4 meses, o Governo Regional dos Açores já fez mais na defesa e promoção do Emprego do que o Governo da República em dois anos”.
Miguel Costa deu ainda outros exemplos de opções políticas que separam os Açores da governação na República. “Nos Açores, não baixamos os braços nem mandamos os nossos jovens emigrarem. Nos Açores, não chamamos piegas a quem passa dificuldades. Nos Açores, não abandonamos à sua sorte aqueles a quem o infortúnio bateu à porta. Nos Açores, não só não apresentamos orçamentos inconstitucionais como respeitamos, mesmo que possamos discordar, todos os órgãos de soberania”.
Recordando que a preocupação com o emprego não é uma novidade para os socialistas açorianos, o deputado eleito pelo círculo eleitoral do Pico destacou que os Governos socialistas aprovaram, no âmbito do Empreende Jovem 148 projetos que contemplam a criação de 340 postos de trabalho e lembrou que, desde 2008, registou-se um aumento de 51% de jovens licenciados a trabalhar nos Açores.
Relativamente à recente decisão do Tribunal Constitucional, Miguel Costa referiu que os socialistas açorianos congratulam-se com o acórdão argumentando que “não foi o Tribunal que criou um problema ao país. Quem criou um problema ao País foi o Governo que cometeu a proeza de apresentar, consecutivamente, dois orçamentos de Estado com normas inconstitucionais”.
O Vice-Presidente da bancada socialista garantiu que o seu grupo parlamentar não irá “entrar no campeonato dos soundbytes políticos e criticou o maior partido da oposição pela “desfaçatez de falar em dupla austeridade nos Açores. Este é um discurso que, para além de não colar com a realidade, só serve, verdadeiramente, os interesses dos adversários da autonomia”, afirmou.
Reafirmando a total disponibilidade do PS em dialogar e trabalhar com todos os agentes políticos na Região, Miguel Costa solicitou também à oposição para não ficar prisioneira dos seus próprios dogmas políticos e apelou ao PSD para que “abandone a via laranja da maledicência e, em nome dos Açores e da defesa dos açorianos, passe verdadeiramente das meras intenções de colaboração para um efetivo trabalho com vista a contribuir para o desenvolvimento e o progresso dos Açores”.