O Presidente do Grupo Parlamentar do PS/Açores defendeu, esta quarta-feira, na Assembleia Legislativa dos Açores, que as atuais circunstâncias de crise económica e social de dimensão mundial exigem uma enorme responsabilidade de todos, sobretudo, dos agentes do sistema político.
Berto Messias que apresentou uma Declaração Política no parlamento açoriano, referiu-se à situação política nacional, considerando que o País assistiu “incrédulo ao agudizar de uma crise política provocada por quem tinha a obrigação de assegurar a estabilidade governativa”. Para o líder parlamentar socialista, “nunca, em tão pouco tempo, alguém fez tanto mal à credibilidade e estabilidade política em Portugal como os Presidentes do PSD e do CDS” recordando que “em apenas 48 horas, a irresponsabilidade e o egocentrismo tomaram conta do Governo do nosso País”.
Para Berto Messias, “depois de todos os sacrifícios impostos às famílias e às empresas, depois de todo o sofrimento, de milhares de empresas falidas e de milhares de famílias insolventes, a coligação da desgraça nacional resolve, com profundo desrespeito e intolerável indiferença, desmerecer os sacrifícios que impuseram a milhões de portugueses. Este harakiri político do Governo do PSD e do CDS-PP, para além do reconhecimento do seu falhanço, foi, porventura, o ato de maior inutilidade política de que há memória”. Por isso, o líder parlamentar socialista defendeu no Parlamento dos Açores ser fundamental “em nome da democracia, da legitimidade democrática e do normal funcionamento das instituições – devolver a palavra aos portugueses” até porque “nenhum Português acredita num Governo que num dia está irrevogavelmente demitido e no outro irremediavelmente rendido à troca de cadeiras e de lugares ministeriáveis. É por isso fundamental fazer valer a regra de ouro da democracia e deixar que os eleitores se pronunciem. Portugal precisa de eleições. Precisa de um Governo de salvação nacional legitimado pelas urnas. Um Governo que ofereça uma alternativa de responsabilidade, credibilidade e esperança”, sustentou.
O Presidente do Grupo Parlamentar alertou igualmente para os riscos que as más políticas nacionais comportam para os Açores. “A insensibilidade social materializada nos cortes nas prestações sociais, o aumento de impostos e as políticas de austeridade originárias de uma grande retração com efeitos ao nível do consumo e do investimento privado têm contribuído negativamente para a qualidade de vida dos açorianos”.
"Fica claro que a instabilidade e as más politicas nacionais podem destruir as boas politicas nacionais", afirmou o dirigente socialista.
Messias destacou ainda que a via açoriana para o desenvolvimento é uma evidência confirmada todos os dias pelo Governo açoriano e pelo PS/Açores, elencando vários exemplos. “O facto de a Troica referir que as contas dos Açores não carecem de atenção especial ou de controlo adicional; o facto de no sector da educação haver estabilidade e os sindicatos terem decidido não fazer greve na Região, em contraponto com a confusão geral na greve aos exames nacionais; o facto de o Governo dos Açores pagar os subsídios de férias no mês de Julho, quando na República isso acontecerá apenas em Novembro; o facto de na Região os trabalhadores da administração pública regional não serem afetados pelo regime de mobilidade especial, garantindo assim que os funcionários públicos do quadro manterão os seus empregos e não irão ter redução dos seus vencimentos ou o facto de os sindicatos dos enfermeiros terem anunciado que não farão greve nos Açores são exemplos concretos que comprovam esta forma de fazer diferente”.
Berto Messias alertou ainda para a necessidade de todos se unirem em defesa dos Açores e da Autonomia considerando que a suposta Reforma do Estado e das suas funções sociais “não pode resvalar para qualquer esvaziamento ou desresponsabilização do Estado para com os açorianos”. E apelou a todos os partidos políticos para a necessidade “contrariar qualquer tendência centralista que tenha como agenda escondida asfixiar-nos financeiramente para nos condicionar politicamente”.
Para o líder dos socialistas no parlamento açoriano, “este é o tempo de “afirmar a estabilidade e a responsabilidade como uma referência inquestionável para Portugal. Quem quiser fazê-lo, junte-se a nós. Estaremos sempre disponíveis para o diálogo. Quem quiser perder-se na guerrilha, na trica, na politiquice, ficará a falar sozinho, porque não estaremos disponíveis para esse registo. Não estaremos disponíveis para alimentar debates políticos que não resolvem os problemas dos açorianos”, salientou.
Messias disse ainda que "este não é o tempo da crispação político-partidária inconsequente. É sempre tempo da confrontação acesa e intensa de ideias e de pontos de vista, mas não é o tempo da guerrilha estéril."
"Este é o tempo de, no cumprimento dos mais básicos valores da democracia, darmos uma lição de maturidade democrática e de sentido de Estado ao resto do país.
Afirmo-o como dirigente do Partido Socialista, o partido que tem sido uma referência de transparência e de boas práticas democráticas. O partido que se auto limitou com a lei de limitação de mandatos; o Partido que propôs e aprovou uma lei eleitoral que, felizmente, tornou este parlamento mais plural e com mais partidos; o partido que respeita a oposição como em mais nenhum local deste país e que nunca se acomodou à sombra de uma maioria absoluta (que lhe foi conferida pelos açorianos) e que esteve sempre para promover consensos e acordos; um partido que respeita todos, mas que não aceita lições de democracia e de respeito de ninguém neste Parlamento", defendeu o Lider Parlamentar do PS.
Messias alertou que "nenhuma campanha difamatória, nenhuma campanha de intoxicação mediática, nenhum terrorismo nas redes sociais, nenhuma insinuação ou especulação ou nenhuma tentativa de assassinato de caracter nos condicionará ou nos desviará dos nossos propósitos – defender os Açores e os açorianos, seja contra quem for".
Berto Messias concluiu enfatizando que “os nossos adversários não são os partidos da oposição. Os nossos adversários são a crise, o desemprego, os problemas sociais, e é esses que combateremos todos os dias, e esperamos que todos estejam disponíveis para contribuir para um caminho de sucesso no combate a estes problemas”.