Foi com enorme consternação que recebemos a notícia do falecimento do Professor José Medeiros Ferreira, açoriano ilustre e destacado militante do Partido Socialista.
Medeiros Ferreira, ilustre Açoriano, nasceu em 1942, foi deputado à Assembleia Constituinte (1975–1976) e Ministro dos Negócios Estrangeiros do I Governo Constitucional (1976–1978), chefiado então por Mário Soares, tendo sido uma figura fulcral no processo de adesão de Portugal à Comunidade Europeia, cuja candidatura à adesão foi apresentada em Março de 1977, com o acordo de pré-adesão a ser assinado a três de Dezembro de 1980. Foi deputado ao Parlamento Europeu entre 1985 e 1989. Entre 1995 e 2005, foi Deputado à Assembleia da República, pelo círculo eleitoral dos Açores, tendo contribuído ativamente para a causa açoriana, de onde se salienta o seu papel no processo de elaboração e aprovação da 1ª lei de Finanças das Regiões Autónomas.
José Medeiros Ferreira foi um lutador pela liberdade. Soube, invariavelmente, olhar a realidade com inesgotável lucidez e ousadia, batendo-se, sem tréguas, pelos valores maiores da democracia. Repudiou a guerra colonial em que Portugal se envolveu, por entender que deveria ser feita a descolonização e ser criado um espaço de solidariedade entre os países europeus e africanos.
Medeiros Ferreira foi dirigente associativo e opositor a Salazar e, em virtude da sua atividade política de frontal oposição à ditadura foi, em 1965 e com 23 anos de idade, expulso de todas as Universidades Portuguesas, tendo então rumado a Genebra, onde iniciou a sua carreira académica. O seu regresso a Portugal, a um Portugal Livre como Medeiros Ferreira sonhara, dá-se precisamente após o 25 de Abril de 1974.
Foi autor de várias obras no domínio das Relações Internacionais, destacando-se “Os Açores na Política Internacional”, “Cinco Regimes na Política Internacional”, “Um Século de Problemas” e “Há Mapa Cor-de-Rosa - A História (Mal)dita da Integração Europeia”, recentemente apresentado na Região.
O seu exemplo, enquanto político e enquanto Homem, será sempre para nós uma referência.