A sub-comissão de política geral do parlamento açoriano reuniu-se, esta sexta-feira, em Lisboa, com os Ministros dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, e da Defesa, Aguiar Branco.
Em cima da mesa o acompanhamento da República ao dossiê base das Lajes, uma questão essencial para a ilha Terceira e para os Açores. José San-Bento, coordenador dos Deputados Socialista naquela Comissão Parlamentar afirmou, após a reunião, que “os Srs. Ministros tiveram pouco a acrescentar, o seu comportamento denuncia que não estão a acompanhar os desenvolvimentos do processo com a atenção que um assunto desta delicadeza exige”.
A propósito da situação atual e tendo em conta o comportamento dos Srs. Ministros, o Deputado referiu ainda que “Se não fosse o empenho e a influência do Presidente Do Governo Regional, os norte-americanos já estavam a despedir trabalhadores da Base das Lajes”. San-Bento recordou que “Os primeiros despedimentos chegaram a estar previstos para Abril. E foi, Vasco Cordeiro, que em sucessivas deslocações aos Estados Unidos, num trabalho de persistência, em que manteve encontros com Congressistas, Senadores e outras importantes personalidades, conseguiu travar a decisão norte-americana”.
A delegação do PS que participou na reunião em Lisboa salientou ainda que o governo português vendeu à Roménia 25 aviões F16 que foram adquiridos ao abrigo de um acordo de amizade que é alicerçado nas facilidades apontadas pelos americanos na Base das Lajes, o que "devia levar o governo da república a considerar contrapartidas para os Açores".
A resposta do ministro da Defesa, que argumentou que essa contrapartida em concreto tinha como causa a globalidade do Tratado, não satisfez os interpelantes, até porque fica sempre por apurar, em concreto, a parte que indubitavelmente as Lajes tem nessa relação.
Os socialistas açorianos mostraram ainda a sua preocupação, face a uma referência genérica de Aguiar Branco, com a hipótese de ser a própria República Portuguesa, a, num mimetismo hipotético, também vir a reduzir a sua presença nas Lajes. Para os socialistas açorianos, ao invés, em caso de hipotética redução das Forças Americanas naquela Base, o Estado Português tem a estrita obrigação de reforçar a sua presença soberana e de assegurar todos as missões, quer de Defesa, quer de aeronáutica civil que aquela infraestrutura desempenha atualmente.
Os socialistas referiram ainda que de entre todas as possíveis soluções para minorar a eventual redução da presença norte-americana nas Lajes se devia considerar "uma maior presença da Força Aérea Portuguesa".
José San-Bento referiu ainda que o PS Açores exige que o governo da república assuma como prioridade o tratamento da questão da Base das Lajes não apenas como um assunto de Defesa mas sobretudo como uma questão diplomática que deve convocar todo o Governo do país a falar a uma só voz que reflita as posições consensuais dos Açores.
A terminar, os socialistas açorianos afirmaram aguardar com expectativa o estudo que está a ser elaborado sobre as bases militares norte americanas na Europa, e que certamente dará nota das diligências que foram feitas pelas autoridades regionais e nacionais no sentido de valorizar a infraestrutura militar das lajes.